Um amor verdadeiro

Era uma noite, no ano de 2004. Nada para fazer. Sozinha. Por que não tentar conversar com alguém. Por que não encontrar este alguém numa sala de bate-papo. Tantas pessoas falando de suas vidas. Alguém lhe convidou para conversar. Separado, pai de um filho. Morava numa cidade distante da sua. Bom papo. Por que não dizer seu e-mail Depois daquela primeira conversar, muitas outras vieram. Um mês, dois meses, um ano, dois anos, três anos depois, ainda conversavam. Nunca se conheceram. Falaram sobre suas vidas, seus problemas, suas angústias, sua vida como um todo. Namoros, e que namoros, noites e noites trocando segredos e intimidades. Um dia ele avisou que teria que viajar, muitos dias teria que passar fora. Prometeram que iriam se falar enquanto isto. Mas não foi o que aconteceu. Nenhum e-mail, nenhuma notícia. Ela voltou a ficar só, com seus pensamentos, sem poder imaginar o que lhe havia ocorrido. Seguiu seu caminho e nele encontrou um alguém. Um alguém que estava ao seu lado. Se passaram dias e tudo em sua vida mudou. A fatalidade aconteceu. Numa viajei veio o destino, cruel destino. Um assalto, um seqüestro. Dezessete dias num cativeiro. Seus pensamentos, muitas vezes eram para aquele que ela não conhecia. Saber que se morresse, iria terminar sua vida sem conhecer que tanto amava. Veio o socorro. Aquele que ao seu lado vivia, veio te tirar do cativeiro. Seu herói. Mas nada lhe era mais urgente do que procurar por e-mail, por uma notícia daquele por quem ela amava. Mas nada havia, nada. Passado seis meses do seqüestro ela teve que fazer uma viagem. Iria ficar quinze dias em outra cidade. No segundo dia, um telefonema. Seu namorado foi enviado aquela mesma cidade e chegaria naquela noite. Aeroporto. Muitas pessoas. Diante do namorado, ela não resistiu, o abraçou, trocando beijos ali no saguão do aeroporto. Saíram de mãos dadas. Nada e ninguém naquele momento eram mais importante. No outro dia, um e-mail chegou. Um e-mail do seu amor. Seu coração bateu mais forte. O que poderia ter acontecido. No e-mail uma revelação, ele estivera no aeroporto na noite anterior e a tinha visto. Foi a seu encontro, chamou por seu nome três vezes, mas ela não havia ouvido no meio de tanto barulho. Ele a viu beijando outro. Agora seu coração não sabia mais o que queria. Casar com aquele que havia lhe salvo ou continuar amando alguém que nunca havia se quer beijado. Ela respondeu ao e-mail e em poucas palavras tentou se explicar. Os e-mails continuaram a serem trocados. Seu, agora noivo, de nada imaginava. Nos e-mails, seu amor, confessou estar na mesma cidade que ela. Por mais que pedisse ele não queria que eles se encontrassem. Então ela procurou e encontrou o seu endereço. O que ela queria era somente poder vê-lo, nem que fosse de longe. Endereço, telefone. Ela o esperou. Ele então saiu de um prédio. Ali estava quem ela tanto amava. Aquele era o homem por quem ela sempre quis. No outro dia ela ligou e contou o que ela havia feito. Ele não aceitou. Por mais que ela tentasse, ele não queria ouvi-la. Então, ela pediu que ele dissesse para que ela saísse de sua vida. Depois de alguém tempo, ele o fez. Ouvindo aquelas palavras, ela desligou o telefone. Chorou e depois de enxugar as lágrimas, ligou para seu noivo. Aceitou o pedido de casamento. Um mês já se passou desde que se casaram. Não existem mais e-mails. Mas o amor que ela sempre sentiu, ainda morra em seu coração.

Esta é uma história verdadeira, muitos nomes e fatos foram omitidos para preservar a intimidade de outras pessoas. A intenção foi mostrar como é possível existir um amor verdadeiro sem nunca terem se conhecido fisicamente.

Letícia Lopes
Enviado por Letícia Lopes em 12/08/2007
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