COISAS DO MEU TEMPO

"Quem conta um conto tem sempre mais conto a contar". E eu passo

este conto para você contar.

O VENDEDOR AMBULANTE - História da vida real. Fatos vivenciado em

1956 Salvador/Ba.

Chamava-se Sr. José, o sobrenome ignora. Era negro, alto, forte, beirava uns quarenta e mais alguma coisa. Muito educado e risonho. Sempre usava terno alvo e sapatos de duas cores, preto e branco. Conversador animado, ele entrava em nossa casa carregando um grande pacote de"costura do Ceará" assim chamado por ser confecção em bico de renda,famoso por suas qualidades e beleza. Ele era vendedor. Minha tia, chamada "pequena" era a sua revendedora e logo estava eu e meus irmãos em sua volta, para receber as "balas" e beijar a sua mão grande com um reluzente anel de brilhante no dedo, era o que chamava a atenção.

Em cada três meses tínhamos esta visita. O Sr. José era negro na cor

com feições fina e cabelos lisos e pretos. Passava toda a manhã conosco sentado no sofá de madeira preta (jacaranda) com encosto e assento de palinha, conversava sobre a viajem da vinda do Ceará e outras histórias dos fatos vividos da sua vida e da vida dos outros.

Nós crianças, não pestanejávamos, os olhos bem abertos a ouvir com

pousada voz as surpreendentes narrativas, era um mestre.

Sua presença era sempre esperada. Mas, ao decorrer de oito meses, tia "pequena" ficou preocupada e soube por outra revendedora que o Sr. José "tinha sofrido um acidente e levaram ás suas "encomendas"

e cortaram o seu dedo do anel. Dias após, deu gangrena na mão e veio a falecer". Nós aqui, não sabíamos se ele tinha família ou parentes. Minha tia ficou chocada, como ela era muito católica, mandou celebrar missa durante hum ano para a sua alma. Ficou em nossa lembrança a figura simpática do Sr. José das costuras, o contador de histórias.

Batacoto

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Enviado por batacoto em 21/06/2017
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