MH “CROMÁTICA”.
Sabe aquela escala ou intervalo musical com todos os seus tons e semitons?
Assim era a MH “Cromática.”
Se na música os intervalos são compostos por tons e semitons
na Maria os intervalos eram compostos inteiramente por uma generosa graciosidade.
A Harmonia aparecia em todos os sentidos de seus suaves gestos,
de sua incrível delicadeza, na forma mais fêmea de uma mulher.
MH tinha um olhar miúdo e cativante,
e suas pupilas se mexiam em rápidos ângulos
como se fossem minúsculas colcheias, semicolcheias e fusas,
saltitando no pentagrama de uma partitura musical.
Sua fala, a pronuncia de seus lábios perfeitamente simétricos,
caia aos ouvidos, como se fossem melodias inéditas,
como se formassem encadeamentos de vários acordes,
devolvendo em súbito movimento de palavras, a resolução do cromatismo a sua forma natural.
MH, de uma simplicidade pura, porém, de uma forma natural, tornava-se sofisticada pela essência de sua alma.
Como os acordes de uma sinfonia, ao som de violinos, violoncelos, metais e tímpanos de uma grande orquestra, em pujante movimento, em alegreto, presto e prestíssimo, com articulado tempo estaccato, MH, foi dezenas de hecto vezes, alvo de inusitados momentos de admiração pois não era simplesmente uma mulher.
Muito mais que isto, era a dona do meu coração.