A vida como ela é IV
“Quando perdemos o encanto pela vida, começamos também a morrer, pois naquele instante, a vida começa a ser retirada de nós”
A tarde caía lentamente...
No banco de uma praça um homem sentado, contemplava o horizonte. Seu olhar triste, parecia um pouco sem brilho.
Me aproximei e perguntei:
-Pensando na vida, amigo?
Sim – respondeu ele. Pensando em como a vida é...
E começou a falar daquilo que estavas ali a recordar.
Desde o instante em que ele a conheceu, que os seus dias ficaram coloridos...
A sua alma era só alegria e o seu coração acalentado por um sentimento gostoso, que a cada instante, aumentava mais.
Cada amanhecer era sempre motivo de alegria, pois a esperança de vê-la uma vez mais, lhe envolvia de ansiedade e porque não, daquela doce espera.
O sol tinha um brilho diferente, a lua parecia fazer as noite mais românticas e aconchegantes.
O sentimento entre eles era um sentimento revestido de carinho e amizade, tal qual um amor entre duas crianças, onde elas se bastam.
Ela passou a tomar conta dos seus pensamentos, em seu peito pulsava um coração docemente apaixonado.
Em seu coração não havia espaço para outro alguém. Ela era o primeiro e o último pensamento do dia, se tornando a pessoa mais importante para ele.
Apenas um dia sem vê-la, já era motivo para sentir saudades, o seu coração era só amor, amor que acalentava, que alimentava, que fortalecia, que edificava. Os dias para eles ali próximos do outro, eram um encanto de paz.
Quis a vida que cada qual fosse navegar por mares distantes, cada um levando consigo, o outro no coração.
E assim, cada qual tocando sua vida conforme os caminhos designados por Deus, mesmo que distantes, procuravam cultivar àquele sentimento lindo, que os enchiam de saudades e revestiam suas almas das doces e saudosas lembranças.
Para muitos, o tempo é o melhor remédio; para outros, o tempo se encarrega de tudo – eis os ditados popular - foi justamente o que ocorreu. No caso deles, o tempo se encarregou de arrastá-los para longe, um do outro.
Certo dia, ele percebeu que não mais estava presente na vida dela como antes. Havia deixado de ser importante, ela o tinha esquecido ou já havia se acostumado com a ausência dele.
Foi triste, foi doído, machucou... Naquele instante, o seu sol perdeu o brilho; os dias ficaram cinzentos; as noites sem luar; a vida perdeu o encanto. E assim, tal qual quando alguém desencantado resolve arrumar às malas e partir, ele abriu o baú da vida e foi sepultando àquele sentimento... Não havia mais razão de ser, não precisava mais dele. Com a alma em dor e o coração em pedaços, carinhosamente foi agasalhando àquele sentimento, como para não deixa-lo amassar, pois era tudo de mais belo, de mais lindo e mais puro que ele possuía.
Se antes, a aproximação do horizonte poente da vida lhe incomodava, agora não mais. Ele perdeu um pouco da alegria de viver, já não importava mais se o final da estrada estaria chegando ou não, qualquer hora que chegasse estaria de bom grado.