Quarta Feira

Seria só mais um dia, afinal o que esperar de uma quarta-feira, não acontece nada neste dia. Ele sempre acorda às 5:00, faz a sua oração, levanta escova os dentes, toma o seu rápido banho, vai até a frente do seu espelho e beija a foto da sua mãe.

- Por que se foi?

Mas ele já superou, depois de muito chorar, e muito sofrer está se acostumando, e depois da conversa com Monique, sua namorada, entendeu que deve amadurecer, e que já é um adulto, sua mãe agora é uma santa, porém sua vida continua. E por continuar ele está agora trabalhando, quão feliz ele está no seu primeiro emprego. Os seus três amigos de escritório são pessoas que ele considera e muito.

O Despertador apita novamente, e agora são 05:30, abre o seu guarda roupa, verifica uma combinação legal, modesta.

- Hm, o que usar na quarta? Talvez uma calça Jeans... Esta camisa pólo preta, e esse relógio.

Dos quatro relógios que ele tem, esse é o mais simples.

- Quem se arruma na quarta? – Indagou-se em voz alta.

Estava arrumado, só faltava o perfume, pegou o mais barato que tinha, afinal hoje é quarta.

Foi até a sua porta, viu o sol brilhando aos poucos, ótimo dia para andar ou correr pela cidade, todavia, hoje ele tem alguns problemas para resolver, o software que reforça a segurança da empresa está trabalhando muito lentamente, então, foco, pois é isso que resolverei hoje, pensava.

Caminhou lentamente até o ponto de ônibus, a sua locomoção só passaria daqui a 20 minutos, na caminhada respirava profundamente, estava querendo sentir o fluxo do seu pulmão, sentir cada molécula do oxigênio no seu sangue, e seguiu, andando, alto e garboso, em uma linha perfeita, respirando profundo, com olhar nos pontos mais alto da sua rua, alternava entre as partes mais altas das árvores, e a dos prédios, que por sinal criava um contraste muito bonito.

Depois de 10 minutos de caminhada, chegou ao ponto, quando encontrou ela, a sua paixão de infância, a garota que inspirou mais de trinta poemas, a que fez suas notas oscilarem a cada mês no colégio, a única que o coração batia forte.

- Thais?

Ele pensou muito em ir falar com ela, não obstante seria meio confuso, não tinham assunto em comum, eles ficaram só uma vez, a prática do beijo não era um forte dele naquela época, não seria uma boa ideia, definitivamente.

- Bryan, é você?

- Opa – falou embaraçado. - Sim sou eu, tudo bem Thay?

- Tudo, não me viu aqui? Quem diria uma pessoa que tanto gostei nem me reconhece.

- Gostou, tanto gostou? Não entendi, porque ela nunca falou nada?

- Você costumava a se arrumar mais. – Disse Thais, tentando mudar de assunto.

Muito embaraçado:

- É..., é que hoje é quarta.

Ela sorriu, quase rindo, de uma forma perfeita aos olhos de Bryan.

O ônibus dela chegou, ela de uma forma muito espontânea beijou em seu rosto, correu para a porta e subiu.

- Quarta. Eu sou um idiota mesmo.

Seu roteiro chegou, subiu, pensativo quão estranho era aquilo.

Seguiu até o seu trabalho, ao chegar lá foi surpreendido novamente, foi informado que sua chefe iria em sua sala, para verificar o andamento do processo de otimização do “anti-vírus”.

E ao sentar no seu computador, sua chefe bate na porta.

- Cedo assim? – Pensou Bryan.

Ao abrir a porta, sua chefa o fita da cabeça aos pés.

- Você costumava se arrumar mais.

- É por que hoje é quarta.

- Não importa, Josefa que conversar contigo na sala dela.

- Josefa, a Diretora do setor de TI?? - Ficou perplexo. - Será demissão?

- Não se atrase - Complementou Paula, sua chefa.

Ao chegar na sala, Josefa informou:

- Santiago pediu demissão, você vai ficar no lugar dele.

A alegria dava para ver no seu sorriso, que ia de uma orelha a outra. Mas ele se conteve.

- Dispensado, todas as informações a Paulinha te falará.

- Certo. Obrigado.

- Dispensado.

Josefa era sempre bem ríspida, mas ele achou que ela seria mais pessoal a promover o seu melhor analista.

Foi a sua sala irradiante. E trabalhou o resto do dia, com o sorriso aos dois cantos.

Na saída, recebeu uma ligação era sua namorada, Monique.

Ele pegou o celular e tentou atender, e o celular não parava de tocar, apertava o botão e o aparelho continuava a tocar, prestou atenção e o seu Samsung Galaxy começava a se balançar de uma lado ao outro como naqueles desenhos animandos, emitindo o mesmo som do seu despertador.

Foi então que Bryan acordou e viu que tudo aquilo tinha sido um sonho, e muito feliz com as possibilidades que a vida te oferece, levantou com todo o gás, fez todo o seu ritual, se arrumou todo, usou o seu melhor perfume, o relógio mais caro, a combinação que mais gostava.

- Para onde vai assim todo arrumado? – Perguntou Monique que estava deitada na sua cama, acordando.

- Vou trabalhar, como todos os dias.

- Precisa se arrumar todo assim? Hoje é quarta.

Jefferson Galdino
Enviado por Jefferson Galdino em 01/05/2017
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