Um Inquirimento
Um Inquirimento
De Anton Chekhov.
Tradução de língua russa para língua inglesa.
De Constance Garnett.
De Love and Other Stories (Tales of Chekhov Vol XIII), Ecco Press ou https://archive.org/details/LoveAndOtherStoriestalesOfChekovVolXiii .
Tradução de língua inglesa para língua portuguesa do Brasil.
De Herculano de Lima Einloft Neto.
Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2017.
Era meio-dia. Voldyrev, um gentil-homem campestre gordo, alto com cabelo cortado e olhos proeminentes, tirou seu sobretudo, secou sua testa com seu lenço de seda, e algo modestamente entrou no escritório de governo. Lá eles estavam escrevinhando continuamente...
"Onde posso eu fazer um inquirimento aqui?" ele disse, se endereçando a um porteiro que estava trazendo uma bandeja cheia de copos desde os recessos mais adiantados do escritório. "Eu tenho que fazer um inquirimento aqui e tirar uma cópia de uma resolução do Conselho."
"Por ali por favor! Para aquele sentado próximo à janela!" disse o porteiro, indicando com a bandeja a janela mais adiantada. Voldyrev tossiu e foi para a janela; lá, em uma mesa verde com pintas como tifo, estava sentado um homem jovem com seu cabelo levantado em quatro tufos em sua cabeça, com um nariz espinhento, longo, e um uniforme desbotado longo. Ele estava escrevendo, estendendo seu nariz longo dentro dos papéis. Uma mosca estava andando por perto de sua narina direita, e ele estava continuamente estirando para fora seu lábio inferior e soprando sob seu nariz, o que dava a sua face uma expressão extremamente preocupada.
"Posso eu fazer um inquirimento sobre meu caso aqui... de você? Meu nome é Voldyrev, e, aliás, eu tenho que tirar uma cópia da resolução do Conselho do segundo de Março."
O funcionário molhou sua caneta na tinta e olhou para ver se ele tinha colocado demais nela. Tendo se satisfeito de que a caneta não iria fazer um borrão, ele começou a escrevinhar continuamente. Seu lábio estava estirado para fora, mas não era mais necessário soprar: a mosca tinha se assentado em sua orelha.
"Posso eu fazer um inquirimento aqui?" Voldyrev repetia um minuto depois, "meu nome é Voldyrev, eu sou um proprietário de terras. . . ."
"Ivan Alexeitch!" o funcionário gritou no ar como se ele não tivesse observado Voldyrev, "irá você dizer ao mercador Yalikov quando ele chegar para assinar a cópia da queixa guardada com a polícia! Eu tenho dito a ele um milhar de vezes!"
"Eu vim em referência a meu processo com os herdeiros de Princesa Gugulin," murmurou Voldyrev. "O caso é bem conhecido. Eu seriamente lhe peço para me atender."
Ainda falhando em observar Voldyrev, o funcionário pegou a mosca em seu lábio, olhou para ela atenciosamente e a atirou fora. O gentil-homem campestre tossiu e assoou seu nariz ruidosamente em seu lenço de bolso enxadrezado. Mas isto foi inútil também. Ele ainda era não ouvido. O silêncio durou por dois minutos. Voldyrev tomou uma nota de rublo de seu bolso e a deitou sobre um livro aberto diante do funcionário. O funcionário franziu sua testa, puxou o livro para ele com um ar ansioso e o fechou.
"Um pequeno inquirimento. . . . Eu quero somente descobrir sobre que fundamentos os herdeiros de Princesa Gugulin. . . . Posso eu o incomodar?"
O funcionário, absorvido em seus próprios pensamentos, se levantou e, coçando seu cotovelo, foi a um armário para algo. Retornando um minuto depois para sua mesa ele se tornou absorvido no livro novamente: outra nota de rublo estava deitada sobre ele.
"Eu irei o incomodar por um minuto apenas. . . . Eu tenho apenas de fazer um inquirimento. . . ."
O funcionário não ouviu, ele tinha começado a copiar alguma coisa.
Voldyrev franziu as sobrancelhas e olhou desesperadamente à irmandade escrevinhadora toda.
"Eles escrevem!" ele pensou, suspirando. "Eles escrevem, o diabo os leve inteiramente!"
Ele caminhou embora desde a mesa e parou no meio da sala, suas mãos se pendurando desesperançosamente a seus lados. O porteiro, passando novamente com copos, provavelmente notou a expressão desamparada de sua face, pois ele foi para perto dele e lhe perguntou em uma voz baixa:
"Então? Você inquiriu?"
"Eu inquiri, mas ele não queria falar a mim."
"Você lhe dê três rublos," sussurrou o porteiro.
"Eu já lhe dei dois."
"Lhe dê mais um."
Voldyrev voltou para a mesa e deitou uma nota verde sobre o livro aberto.
O funcionário puxou o livro para si novamente e começou a virar as folhas, e subitamente, como se ao acaso, levantou seus olhos para Voldyrev. Seu nariz começou a brilhar, tornou-se vermelho, e se franziu em um sorriso largo.
"Ah . . . o que você quer?" ele perguntou.
"Eu quero fazer um inquirimento em referência a meu caso . . . Meu nome é Voldyrev."
"Com prazer! O caso Gugulin, não é? Muito bem. O que é então exatamente?"
Voldyrev explicou seu negócio.
O funcionário se tornou tão vívido como se ele fosse girado em volta por um furacão. Ele deu a informação necessária, arranjou para que uma cópia fosse feita, deu ao peticionário uma cadeira, e tudo em um instante. Ele mesmo falou sobre o clima e perguntou sobre a colheita. E quando Voldyrev foi embora ele o acompanhou escada abaixo, sorrindo afávelmente e respeitosamente, e parecendo como se ele estivesse pronto a qualquer minuto a cair sobre sua face diante do gentil-homem. Voldyrev por alguma razão se sentiu desconfortável, e em obediência a algum impulso interno ele tomou um rublo fora de seu bolso e o deu ao funcionário. E este se manteve se curvando e sorrindo, e tomou o rublo como um conjurador, de forma que ele pareceu reluzir através do ar.
"Bem, que pessoas!" pensava o gentil-homem campestre enquanto ele saia fora dentro da rua, e ele parou e secou sua testa com seu lenço.
Cf. Houaiss, Avery, Dicionário Barsa.
Cf. Dicionário Houaiss da língua portuguesa.
Cf. http://michaelis.uol.com.br/moderno-ingles/ .
Cf. http://www.wordreference.com/enpt/ , Dicionário Inglês-Português (Brasil).