FAZENDA NOVA ERA

Conto: Ficção e história do Brasil.

Não só de Coronéis malvados e cruéis viveu a escravidão negra no Brasil. Existiram outros senhores de engenho, donos de escravos que convivia em perfeita harmonia com eles, tratava-os bem, alimentava-os decentemente com se fossem seus empregados na acepção do termo. Participava de festejos africanos, como danças e cantos, canto às vezes lúgubres e tristes, recordando da mãe África.

Era o caso do Coronel Rufino, homem educado e letrado, formado em universidades de Paris e tinha conhecimento e relacionamento com políticos e escritores da época, como Rui Barbosa, José do Patrocínio e Joaquim Nabuco com um forte movimento abolicionista e que já havia a lei do Ventre Livre de 1871. Ele chegou a participar de algumas reuniões com os abolicionistas. Coronel sensível, oriundo de boa família e, sobretudo religioso, na sua fazenda mandou construir uma capela que nela havia uma missa no primeiro domingo de cada mês, com liberdade de freqüência para seus vinte escravos.

O próprio coronel ia buscar o padre num vilarejo próximo em sua bonita carruagem e o vigário ficava algumas horas em companhia de sua família, inclusive participava do almoço regado a bom vinho, produzido na própria fazenda e muitas frutas de sobremesa.

Aos domingos o patrão ofertava uma comida melhor para seus escravos, em número de vinte, o mais velho, Anastácio, experiente, não trabalhava no eito e só se ocupava dos afazeres da casa-grande da fazenda e era o chefe dos demais e que o coronel tinha muita consideração e admiração por ele. Anastácio era um espécie de conselheiro em algumas decisões burocráticas, por ele ter um conhecimento geral em muitas atividades, inclusive conhecia plantas que curavam muitas doenças, inclusive usadas pela própria família do fazendeiro.

O Coronel ia muitas vezes à cidade em sua bela carruagem , em companhia de Anastácio pelo respeito que ele tinha pelo seu escravo ou como um fiel escudeiro, nas longas jornadas pelas estradas no meio das matas até chegar ao povoado, onde comprava mantimentos, roupas, sapatos, para a família e roupas, vários presentes para os escravos. Os escravos, homens e mulheres tinham muito respeito e admiração pelo Coronel pela sua bondade e generosidade, pois ele tratava-os com muito respeito.

Em 1888, quando foi proclamada por Princesa Isabel a abolição da escravatura, os escravos do Coronel quiseram continuar na fazenda Nova Era, agora como empregados e com salários, homens livres, para decidirem onde viver e trabalhar e não como escravos e posses de outro homem, como verdadeiras coisas ou mercadorias, que se compram e que se vendem.

Houve alguns casos semelhantes em todo o país de fazendeiros bons e generosos como o Coronel Rufino, como exemplo, o Ceará foi o primeiro estado a abolir a escravidão no Brasil, foi em 25 de março de 1884 e diz a tradição que os escravos de lá nunca sofreram mais tratos, como chibatadas, acorrentados no tronco.

O homem nasceu para ser livre, livres como todos os seres vivos, pássaros no céu, peixes nos mares e nos rios. . .

Miguel Toledo
Enviado por Miguel Toledo em 21/04/2017
Reeditado em 21/04/2017
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