PELO CAMINHO

Lione e Zilmara caminhavam pela estrada de terra quando avistaram um bar com uma aparência ruim e com o letreiro quebrado. Elas entraram no local e viram um homem aparentando uns 60 anos, moreno, cabelo grande e vestindo bermuda e camiseta, sentado do outro lado do balcão velho, ouvindo uma partida de futebol através de um radinho à pilha também velho e que chiava bastante. Lione perguntou se ele poderia dar uma informação a elas, mas o homem não ouvia por causa do volume alto do rádio. Zilmara então, gritou:

“O senhor poderia nos dar uma informação?”

O homem se assustou, dando um pulo do banquinho de madeira.

“O que vocês querem?”

“Queremos ir para o Florestinha, não haveria alguém que pudesse levar nós duas até lá?” Disse Lione.

O homem estava atento à partida de futebol.

“Ei, estou falando!”

“O que você disse?” Perguntou ele.

“Nós perdemos o ônibus para o Florestinha, o senhor conhece alguém que poderia levar nós duas até lá?” Disse Lione.

“O Florestinha fica a 25 minutos daqui, vocês já percorreram o maior trecho a pé.” O homem.

“Eu sei, mas já está anoitecendo e pode ser perigoso para que ela e eu andemos nessa estrada deserta.” Falou Lione.

“Perigoso é transar sem camisinha e dirigir embriagado, moça.”

“Não há ninguém que possa nos levar até lá de carro ou o que for?” Lione.

“Eu já disse que o Florestinha está perto daqui.” Falou o homem com o ouvido bem próximo ao rádio.

Zilmara pediu:

“Por favor, veja se alguém pode nos dar carona até lá.”

O homem não desgrudava do rádio.

“Responda! Ai, Lione, não adianta! Ele não vai nos escutar por causa do jogo. E o pior é que a hora está passando.”

“Que droga!”

“Posso usar o banheiro?” Perguntou Zilmara.

“O que você disse?” Falou o homem.

“Eu quero ir ao banheiro.”

“É bem ali à esquerda.”

Segundos depois, Zilmara volta com cara de asco e o homem disse:

“Já? Puxa! Você é rápida, hein!”

“Seu engraçadinho! O banheiro está muito sujo e não tem condições de eu usá-lo.”

O homem falou ironicamente:

“Então use a moita ali do lado.”

“Que atrevido! O senhor está pensando que...”

“Deixa pra lá Zilmara, vamos continuar caminhando.”

“Eu não vou seguir nessa estrada a essa hora.”

Lione pediu:

“Por favor, o senhor poderia arrumar alguém que nos desse carona até o Florestinha? Não somos bandidas, só queremos ir à nova casa de minha madrinha.”

“Bonitinhas, vocês não desconfiam que estão me atrapalhando?”

“Eu vou falar umas verdades para esse mal educado.” Disse Zilmara.

“Vamos seguir assim mesmo e se nós andarmos rápido?” Disse Lione.

“Não seja doida, essa estrada é muito deserta, há trechos em que ela passa por um tremendo matagal e falta pouco para anoitecer.”

“Tive uma ideia, Zilmara, vamos esperar o jogo acabar, quem sabe ele nos dê atenção.”

“A ideia é boa mas olha a cara dele, parece que vive no mundo da lua.”

“Escutou? Faltam 5 minutos para acabar o jogo.” Lione.

Assim que a partida terminou, Lione perguntou ao homem:

“O senhor poderia achar alguém que nos desse carona até o Florestinha? Veja, já anoiteceu e é arriscado demais para que nós duas caminhemos por essa estrada deserta.”

“Fofas, arriscado é transar sem camisinha e dirigir embriagado.”

“O senhor, então, poderia nos acompanhar até lá?” Perguntou Lione.

“Eu não posso deixar o bar.”

Zilmara disse:

“O senhor pode fechar o bar, nos acompanhar até o Florestinha e reabrí-lo logo em seguida, não vai lhe custar nada e nem vai levar tanto tempo assim!”

O homem aproximou-se delas e falou:

“Vou propor algo para vocês.”

“De que se trata?” Perguntou Lione.

O homem foi até o depósito lá no fundo do bar, trouxe uma mesa e 2 cadeiras e colocou tudo perto delas.

“O que significa isso?” Zilmara.

O homem explicou:

“É o seguinte, por aqui faz muito tempo que não aparece coisinhas tão gostosas assim que nem vocês. Que tal tomarem uma cervejinha e comerem uma carninha assada na hora, hein?”

Lione olhou para Zilmara e vice-versa, com ares de indignação. Em seguida Lione disse.

“Vamos embora, Zilmara, é melhor correr riscos andando por essa estrada do que ficar aqui ouvindo bobagens, ainda mais em um lugar tão nojento como esse.”

“Concordo. Que coisa horrível!”

As duas saíram do bar e seguiram pela estrada, andando depressa.

“Ei, gostosinhas! O que aconteceu? Voltem! Pra vocês é tudo de graça, voltem!” Implorava o homem na porta do bar.

Alveres
Enviado por Alveres em 11/04/2017
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