A cama
Já passava das duas. Acordou de cueca, e foi a cozinha beber um copo de água. Sua boca estava seca. Coçando a bunda, iluminado pela luz da geladeira, bebia da jarra como se bebendo estivesse de um copo. Pela porta, via, no escuro, a silhueta dela.
Juliana veio do interior morar na casa dos seus pais, trabalhar de ajudante. A mulatinha fora alvo de seus olhares furtivos, de toques discretos retribuídos com um olhar de malícia.
Em dada noite foi deitar-se com Juliana. Fez com ela tudo o que sabia fazer, enquanto seus pais dormiam no quarto ao lado.
Repetira-se o episódio algumas vezes mais, enquanto ele passava as férias escolares na casa dos pais. Aquele era o momento certo. Combinara com ela o melhor horário e foi para a cozinha já com o intuito de cometer o crime.
Adentrou o quarto da moça, arrancou-lhe a camisola de algodão, já despido e roupa e vergonha. Agarrava-lhe as carnes como um naufrago ao seu bote salva vidas. Beijava-lhe os lábios com voracidade. Estava a ferver o sangue em um desespero carnal como nunca antes tinha vivenciado.
Diante de tanto entusiasmo, eis que a cama não suporta e, como estrutura frágil que é, rui diante do peso dos dois amantes. Surgem os seus pais a porta. – Que absurdo! Dentro da minha casa! – Diz a mãe aos prantos. – Depois de todo o carinho que lhe demos?!? Você irá embora dessa casa. – Sentencia o pai.
Na manhã seguinte, parte Juliana de volta para o interior.