O BURBURINHO

O burburinho estava aumentando a cada minuto. A multidão curiosa bloqueava a avenida senador Barbosa. Os populares, ávidos pelos desdobramentos daquele fato inusitado, faziam um círculo. A manhã estava bem iluminada com um céu limpo e sem nuvens. O solo abrasador fazia a temperatura aumentar cada vez mais. O trânsito parado impacientava os motoristas. Um deles ameaçou dar partida no carro, mas foi contido pela população. Ninguém passava por aquela rua. Uma senhora alegou pressão alta, porém ninguém deu ouvidos. O ônibus com os trabalhadores da fábrica de embalagens ocupava já o canteiro central da avenida. O condutor tentava passar sobre o canteiro da rua. Mas um idoso "armado" com uma bengala impediu a passagem do pesado veículo. De repente surgiu uma ambulância. Neste momento todos fizeram um "corredor polonês" para liberar a via. Mas uma senhora gorda percebeu que o som da sirene partia de um carro comum. A farsa da pseudo ambulância foi descoberta e o homem quase foi linchado. O círculo fechou-se novamente e a via voltou a ficar bloqueada.

Uns diziam: - Pobrezinha, tão indefesa!, tão inocente!

Um japonês aproveitou o momento para vender os seus pastéis gordurosos. Um ambulante vendia alguns guardas chuva aos populares. Nisto surgiu um homem bem vestido e pedia para todos se afastarem do asfalto. Ele se autodenominava médico e com o seu estetoscópio dirigiu-se aos presentes. - Saiam da frente, deem espaço, chegou o médico. Deixem medir a pressão dela. Todos abriram o círculo para o suposto médico. Porém um vigilante de um posto de combustíveis reconheceu o louco Bernardes. Ele se vestia de branco e dizia a todo mundo que tinha se formado em Medicina. Um forte segurança afastou "delicadamente" o falso médico do local. As buzinas aumentavam o som por causa do engarrafamento que registrava 30 km. Uma estudante que estava em uma van postava fotos do burburinho nas redes sociais. Por causa disto, toda a comunidade vizinha a rodovia se deslocava para lá. Um caminhoneiro palitando os dentes alegou que transportava uma carga perecível e pedia passagem. Incrédulos, alguns curiosos vistoriaram a carga. Porém somente encontraram apenas velhos monitores de computador. Então afastaram o caminhoneiro mentiroso. Finalmente surgiu uma autoridade policial. Um popular pediu a sua identificação e constatou a veracidade do credencial. O guarda ordenou que todos se afastassem dela. O policial olhou para ela com muito respeito. Ele pediu encarecidamente: - Ô dona tartaruga, acelere o passo, os motoristas querem seguir as sua viagens.

Neste momento, todos aplaudiram e testemunharam o enorme "esforço" que o animal fez para cruzar a faixa de pedestres a exatos 0,00001 km por hora. Uma senhora emocionou-se com aquele fato e ainda disse: - Nós precisamos respeitar os animais, principalmente os que se movimentam mais rápidos. Aos poucos a turba foi se dissipando até liberar a rodovia.

Levi Oliveira
Enviado por Levi Oliveira em 11/03/2017
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