Prima Neném
Nossas idas a Belorzonte estavam quase que invariavelmente associadas a algum problema de saúde. E na dependência de hospedagem com algum parente. Tio Alfie, casado com Tia Iaiá, residentes no São Geraldo eram os que estavam em melhor condição de nos acolher, a despeito das limitações espaciais de sua casa. Mas o coração, se sabia, sempre nos cabia.
Tinham eles uma única filha, a Neném, duns zói azul e duns cabelos doirados, que era um encanto, e que regulava idade com a mana mais velha, La Toya. Mais pra mimosa do que mimada, sobressaía-se por sua educação primorosa e doçura de seus modais.
E eu, entre estouvado e ressentido, fui me apaixonar logo pela patinete dela, que era um brinquedo extraordinário para aqueles tempos, além de urbano, por requerer uma superfície adequada para seu melhor desempenho. A área cimentada de que dispunham era assaz curta, e o quintal deles, de piso acidentado, não facilitava em nada. Não podia eu portanto exibir meus dotes ainda incipientes de patinador.
Quando lá voltei, já por conta própria, anos mais tarde, foi para as bodas da Pollyana. E embora nem tenha visto a patinete à volta, me descrentei da semostração. Já era outra sua paixão...