O PORCO MAU E OS TRÊS LOBINHOS
Enzo _Hoje tu vai fazer uma tabana!
Eu _Então vem me ajudar.
Enzo _Não! Tu faz.
Fim de semana, brincando de cabana com o Enzo, meu caçula. Base lateral com o sofá da sala, o outro lado com cadeiras de ferro do barzinho da casa, e pontas abertas, sem o consentimento do dono da casa, mas precisamos de luz.
Enzo _ Não pai, não pode ficar abeto.
Eu _Filho, tem que deixar um lado aberto pra entrar a luz.
Enzo _Não! Eu goto escuio!
Eu _Mas como nós vamos fazer pra enxergar os monstros?
Enzo _BUUUU! Cuidado! Eu sou o monstro.
Eu _Para, para, não me assusta.
Começo de conversa, cabana pronta, algumas reclamações, enroladas de língua, trocas de letras e muita concentração pra entender algumas frases, mas até ai tudo tranquilo. Vamos em frente.
Enzo _Vou pegar os Pintedos, vem pai, tenho um pesente, fecha os olhos.
Eu _Ta bom, mas não me assusta.
Enzo _Não vou te assustar, vem, é uma supesa.
Ando até o canto do quarto onde ele guarda os brinquedos, vou batendo nos móveis fazendo sons de dor, nunca vamos saber o porquê, mas as crianças adoram ver os adultos se machucando, nossa dor é sempre motivo de riso e pro Enzo não é diferente, ele ri muito quando bato a cabeça no roupeiro. Mas enfim, chegamos aos brinquedos ou pintedos como ele fala, e ele me presenteia momentaneamente com o primeiro que ele pega.
Enzo _Pa ti Papai.
Eu _Obrigado filho, vamos levar pra cabana?
Enzo _Vou pegar mais.
Agora é a hora em que ele pega vários carrinhos e bonecos só pra fazer companhia dentro da cabana e machucar os joelhos de quem entra e gerar mais risadas e agora também por parte dos adultos. Ninguém se salva de visitar os aposentos reais do rei Enzo. Basta alguém passar...
Enzo _Vovó, enta tum nós na minha tabana.
Quem resiste a um pedido assim? Até porque, se recusar, ouve-se um princípio de choro agudo, extremamente irritante, então, é melhor dar uma passadinha, é rápido, joelho em cima de um boneco, lágrima no olho e alegria do Enzo.
Entramos então, Enzo, Vovó e eu. Organizamo-nos naquela cabana de um cômodo, cobertura de cobertor e pouca luminosidade. O Enzo tem como assento, um travesseiro que deve ser do vovô, o que ele dorme, mas no momento está rolando pelo chão. Eu mantenho minhas pernas para fora, claro, causando descontentamento, mas realmente não consigo me encaixar naquele pequeno espaço. Tudo bem, sorriso no rosto, alegria sem fim, começo a história:
Eu _Então agora eu vou contar a história do porco mau e os três lobinhos.
Enzo _Não é assim pai.
Eu _Então como é?
Enzo _É o lobo que é mau, assustador,buuuuuu e os tes poquinhos.
Momento assustador mais engraçado, ele levanta as mãos trazendo em minha direção e fecha os olhos fazendo sons que ele julga aterrorizantes, e claro que entramos na brincadeira com as típicas frases, “Não me assusta”, “to com medo”. E ele acredita.
Eu _Me deixa contar filho, tu vai gostar.
Enzo _Tonta pai.
Eu _ Era uma vez o porco mau e os três lobinhos. Havia um lobinho muito inteligente e trabalhador, ele construiu uma casa muito forte de concreto e tijolo, o outro era um pouquinho mais preguiçoso, fez de madeira e o outro sim, esse muito preguiçoso, fez de palha. O porco mau chegou na casa e ...
Enzo_ Agora eu Tonto pai.
Eu _Então conta:
Ele fez pose de contador de histórias, olhou para mim e para a vovó e começou:
Enzo _O Lobo era muito atustador, ele corria e atustava todo mundo, com uma boca enorme e a língua pra fora. As unhas gigantes e torriaatásfazendo buuu. O lobo era muito furioso, buuuuu. O lobo era muito gande e atustava as triancinhase ...
Eu _Mas esse lobo é muito assustador, eu to ficando com medo.
Enzo _Agora é a vovó que tonta. Vai vovó, tonta.
Vovó _Ta bom eu vou contar.
Enzo _Não eu tonto. E o lobo mau, muito fuioso, foi atás da menininha e atustava todo mundo e corria e dizia buuuuu. Era muito atustador e fim.
Eu _Acabou?
Enzo _Sim.
Eu _Mas tu só falou do lobo mau. O que aconteceu com os três porquinhos?
Enzo _Os Poquinhos?
Eu _ Sim, o que aconteceu com os três porquinhos?
Enzo_ Os poquinhos? Os poquinhos a vovó comeu.