CONVITE PARA UM CAFÉ

Ele foi chegando e gostou da desarrumação organizada da casa. Era tudo singular.
Amou os vasinhos combinando e a escolha e distribuição das plantas.
Até na área de serviço o balde combinava com a vassoura. Admirável a harmonia que insurgia das coisas mais simples como ele nunca tivera, mas que sempre estava dentro de si, na apreciação que havia latente, no canto interno da alma : o gosto pelo belo, simples  e  anônimo. O sofisticado pela arquitetura o atraia por certo mas... nada era linear e definido em seu gosto. O dela também.
Observava  em tudo. Realmente a casa precisava de pintura urgente.
Ela serviu um caldo quente que chamou de sopa. Não era a sopa que comumente ele conhecia. Mas estava deliciosa. O cuscuz cheiroso com ovo mexido, o pãozinho escaldado de queijo, o suco gelado de acerola e o café já adoçado e coado em pano,  parecia comida de povo do mato.
O cavalete exibia uma pintura inacabada de flores silvestre cujo título poderia ser: Como não gostar?  
Ela desfilava pelos cômodos com o cabelo amarrado, um chinelo e um vestido de brim bordado na cintura.
Conversavam coisas triviais como se aquilo fosse um jantar rotineiro.
Internamente, a timidez dava lugar para uma segurança inexplicável de lar. Como assim? Era apenas um primeiro encontro de amigos que se conheceram virtualmente.
Conversaram pouco,  ela sentou-se no sofá e ele desavergonhadamente deitou a cabeça em seu colo e fingindo ou não,  dormiu. Ela sentiu-se enternecida, passou a mão em seu cabelo e não simulou que estava feliz. Estava mesmo.
 
Tânia de Oliveira
 
Maceió, 10/ 02/ 2017
18:01 h
Tânia de Oliveira
Enviado por Tânia de Oliveira em 10/02/2017
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