A Quadratura do Círculo- cap. 31
Acho que tenho sido um tanto rude com as mulheres nesse texto; não é nada disso, mas apenas um reflexo da traição de Paloma; traição? Não diria tanto, mas ela apenas seguiu seus instintos de mulher. Por que não desfrutar de seus instintos de mulher, sendo bela e jovem? Disse bela, sim, menti ali atrás, ela era extremamente bela, morena, não muito alta; não digo que era um modelo de beleza padrão, mas o conjunto agradava; aquele fogo espanhol ,misturado com a face à moda italiana, resultavam num visual que se harmonizava. Some-se a isso a aparência de ingenuidade, que tanto encanta os homens e...os engana.
Pronto, fiz um novo parágrafo à moda romântica; sim , não nos livramos disso, por mais que queiramos e, escrevem-se toneladas de romances a respeito do amor entre um homem e uma mulher; pior ainda se há casos de traição, mais uma tonelada; se nos dedicássemos, do mesmo modo, à extinção da fome no fundo, seria mil vezes mais proveitoso, mas...não vivemos sem as mulheres! Falem o que quiserem, mas quando estamos sob seus encantos, o mundo é outro; quase encontramos a perfeição; qual o segredo de seus encantos, mulheres? Digam a nós, embora saiba que nunca nos dirão.
O que somos perto delas? Uns brutos, com nossas ferramentas, desmontando carros e sujando as mãos de graxa; falamos de futebol enquanto bebemos cerveja. A maioria não gosta muito de limpeza; adora uma bagunça e de ajuntar coisas. Sim, o mundo foi feito para as mulheres; elas nos deixam pensar que mandamos em tudo; na verdade, tudo , ou quase tudo é para elas; basta ver as lojas: para homens, uma bermuda e uma camiseta bastam; para elas, o resto. Meu mundo pra você, Paloma, em troca de um minuto de seus encantos! O homem é um bruto em sua essência; a mulher faz com ele seja um pouco melhor e, para isso faz valer todos seus encantos. Ela sabe de sua força e usa disso como moeda de troca.
Mas Paloma queria aproveitar a vida ao máximo e nisso não a censuro. Qual a razão da existência? Seria o prazer? Pois não, eis um motivo válido, embora não o mais produtivo. Mais do que aproveitar, queria desfrutar das coisas, das mais belas; ela me ensinou a sorrir, já disse; sempre fui muito soturno e pessimista, um tanto irônico, é claro; quisera eu ter essa leveza de alma e enxergar as coisas assim; por isso se encantou com um brutamontes feito o Rufino; na verdade um bronco, mas que ganha dinheiro. Este também gosta das coisas boas da vida; e quem não gosta? Estaria mentindo se dissesse que não, mas não sou um fanático por elas.