Olhos de piedade

Ao sair da casa da filha, Joana se assusta com algo no chão. Quase pisa, chega a tropeçar e olha sem entender o que está vendo e só após fixar os olhos entende que se trata de um cãozinho.

-Nossa! Que susto! De que é esse cachorrinho?

-Ah! É uma cadelinha. É de uma mulher que mora logo ali na rua, fica a uns cem metros daqui mãe, Creio que a dona abandonou ela e ela está doente. Olhe como ela está magra e feia. Coitadinha!

-Será que ela não a quer mesmo?

-Penso que não a quer mais, faz uns dois dias que ela vem e fica aí deitada quietinha aí dou comida para o meu cachorro o Fred e para ela, mas ela não está querendo comer, ela não deve estar bem. Precisa de um dono que lhe dê carinho.

Joana volta para dentro da casa da filha e pede:

-Filha, vá lá fora e traga aquela cadelinha para mim, vou levar ela para casa e cuidar dela, se ela tiver que ser minha ela irá sobreviver. Vou dar carinho, remédio e comida. Vou a chamar de Lua e não deixarei que a luz dela deixe de brilhar.

A cadelinha pareceu entender, olhou com olhos de piedade e agradecimento para Joana que a pegou no colo e embrulhou em sua blusa, onde ela recebeu carinho e calor.

Lua foi levada para a casa de Joana e o novo lar lhe fez muito bem. Agora Lua salta alegremente pelo quintal e em agradecimento lambe as mãos de Joana e lhe sorri balançando o rabinho.

A antiga dona jamais a procurou (talvez) pense que ela morreu.