== O ilustre visitante... ==
Ele veio sem ser convidado. Sem nem sequer um telefonema antes.
Chegou e nem a campainha ou o interfone usou.
Anunciou-se mesmo foi com seu grito irritante.
Educada, como manda a etiqueta, ela o convidou a entrar e sentar-se e ficar à vontade. E ele ficou.
Logo em seguida convidou-o pra jantar, pois segundo ela, algumas coisinhas gostosinhas estava a preparar.
Algo que ele aceitou prontamente, pois viera pra isso mesmo, disse-lhe.
Sentado à mesa ele não se fez de rogado, nem de educado, pois comeu tudo que viu à frente. E dos lados.
Enquanto ele comia da sua comida ela imaginou como seria ser comida mais adiante por aquele troglodita gigante.
Se na cama ele tivesse o mesmo apetite seria com certeza uma transa bem animada, perfeita para o gosto dela e interessante.
Um tanto tímida e outro tanto corada ela não teve como negar que tais pensamentos a excitaram bastante.
Ainda à mesa e de comida no bom sentido e propriamente dita saciado, ele soltou um longo e fedorento pum acompanhado de um imenso e sonoro arroto. Palitou os dentes nem um pouco discretamente e cuspiu na parede, deixando lá grudada aquela meleca verde e gosmenta.
Ante as demonstrações explícitas de tamanha "educação e boas maneiras" dele, a excitação dela e os planos para mais adiante naquela noite arrefeceram consideravelmente.
Alguém mais radical afirmaria que ela brochou, literalmente.
Não que tudo isso, a ogrosidade dele, claro, fosse pra tanto.
Quando, depois da sobremesa, um pudim inteiro e do cafezinho, também um bule inteiro, ele levantou-se dizendo que ia embora pois no dia seguinte precisava acordar bem cedo e sem dizer um obrigado, lhe disse adeus, ela pensou: Graças a Deus!
Apesar dele não merecer, ela educadamente e demonstrando ser uma boa anfitriã, perguntou:
- Você gostou do jantar? Estava bom?
E ele:
É... Estava razoável. Hoje você leva um sete. Vá lá, sete e meio, pois sou generoso. Faltou sal, mas até que estava gostoso. Capriche mais da próxima vez, ok?
Filho da puta! - pensou ela, mas controlou-se.
Mas não termina aí o calvário e martírio dela.
Apenas estava começando. Sem pausa para o comercial te conto já, nesse instante.
Você com certeza dirá, se é que ainda não disse, que horror!, se eu te disser que ele fez o maior xixizão, que alagou todo o corredor.
Pior ainda que isso, foi o cocôzão, aquela cagada tipo federal, que ele largou na sala. Bem no meio da mesa de centro. Daquela merdaiada toda, impossível calcular o montante. Só sei que escorreu por baixo dos sofás e da estante.
E pra dar o serviço por acabado, limpou a bunda na cortina, o safado.
E foi embora rindo, ante o espanto com que ela o olhava, incrédula.
Para limpar tudo, uma semana não foi suficiente, o bastante. Obstante toda a trabalheira dela. E das duas diaristas que precisou contratar.
Depois desse tempo todo, de todo tipo de lamentos, xingamentos, imprecações, palavrões e pragas, a pobre Anta só faz dizer:
- Escomungado! Folgado! Morfioso! Maldito Elefante!!!
= Roberto Coradini { bp } =
11//01//2017