Nutshell
Ele gostava de Alice in Chains, e nós conversávamos muito. O tempo ficava à margem de todo sofrimento a dupla distância não modificava as dores iguais que sentíamos. "And I fight"... Ele me confessava sua dificuldade em relacionar-se e eu tampouco sabia o que isso significava, o significado da vida se esvaía.
Nos consolávamos no ambiente virtual de nossas solidões. Foi meu escape por alguns meses...MSN.
Nunca mais Nutshell foi a mesma coisa. Assim terminado o sofrimento, creio que hoje de ambos, nos desconectamos hoje e hoje nem seque um nome. A idealização quando se está no inferno é algo como um adjetivo bom para coisas ruins também, mas a idealização era a única forma de escapar de um monstro que eu tinha que aguentar naquela casa. Casa quente como todo inferno deve ser, pintada de um azul extremamente forte e agressivo. O opressor se vingava porque na verdade seu papel como cidadão de bem era oprimir inclusive mulher e filho. A essa altura já tinha oprimido várias... Mas ele ficou na lembrança. Era um amigo distante, do nordeste. Contávamos tudo um para o outro e naquela época eram coisas que eu não me sentia a vontade falar. Mas ele era de longe, talvez diminuísse o risco e o medo. Medo era palavra comum naquele tempo. Hoje é uma outra vida e somos felizes. Espero que esse "somos" seja mesmo plural.