A semente

Era mais um dia daqueles num dos maiores hospitais particulares numa grande capital do país.O paciente era bastante idoso e estava ja cansado das batalhas da vida.Tivera uma longa trajetória em sua profissão. Fôra veterinário.A clínica havia sido fechada,por desinteresse dos filhos."Cuidar dos bichos,imagina-prefiro tê-los ao meu dispor"-recordava-se desta frase do seu filho mais velho,o que tornara-se político-dizia que ficaria mais fácil ficar rico sem ter que trabalhar- assim seguia na vida,comprando votos e mentindo muito nos programas eleitorais.Era comum surgir o seu nome e imagens no noticiário da tv quando este falava de roubo dos cofres públicos,de corrupção e da tentativa do seu partido para a instalação de um regime comunista no Brasil( no comunismo se tem escravos obedientes e temerosos de duras penas).A filha mais nova,ja beirando os trinta e cinco anos era jornalista.Decepcionada,é claro.Não passava de uma "marketeira" acidental dos políticos que instalaram um regime"legal" de opressão e de desobediência às leis máximas do país,mais uma imprensa "comprada" que defende os criminosos,os seus crimes e manipulam notícias.Criou o governo muitos impostos.Uma energia elétrica muito cara,uma gasolina e óleo diesel caríssimos.Mais os juros bancários mais altos do mundo civilizado.Todos os negócios têm prejuízos e causam demissões.Os bancos so têm lucros elevados,e causam demissões.Um país de faz -de-conta. O que mais impressiona é-assim,como em Cuba as vítimas,por aqui,também amam e defendem os seus algozes. "Dê ao povo pobreza e fome,em seguida ofereça migalhas que ser-lhe-á fiel -dizia Fidel Castro para os seus generais e asseclas do regime criminoso,ditatorial feito em Cuba.Um regime genocida que ja matou mais de 100 000 cubanos até os dias atuais-de fome e à bala.

"Quando se envelhece aparecem inúmeros problemas de saúde.Uma desculpa para a morte"-costumava dizer para as enfermeiras quando as mesmas lhes tiravam a pressão arterial. Levavam o seu sangue para exames,mais a urina,e até mesmo gotas de sua saliva." Eu sei que morrerei,em breve.Não sei o por que de tanto se preocuparem comigo"-dizia,rindo para as enfermeiras. "Ora,o senhor não pagou o caro e rico plano de saúde?Fazemos por obrigação profissional.Não pense que somos caridosas." Dizia a enfermeira mais sincera,rindo.Todos riam,até ele."Caso eu morra,logo o hospital,talvez até goste-ou não,afinal de contas recebe mais algo financeiro por minha estadia por aqui-ou,talvez,tenha mais um pouco de despesas médicas."

A pressão arterial se encontrava menos adulterada.A alimentação era tratada com rigor.A diabetes estava sob controle:nada de açúcar,doces,alimentação que tivesse elementos que virassem açúcar no organismo após serem ingeridos-os carboidratos-que são os vilões foram extintos do cardápio diário.

Para sua surpresa,aquele não seria um dia como outro qualquer.

-Uma visita?

-Sim.E é uma mulher.Uma jovem e linda mulher.

Disse-lhe a enfermeira,enquanto lhe tirava mais uma vez a pressão arterial.

-O meu filho foi preso,logo após as delações premiadas.Está mais do que envolvido nas grandes patifarias que roubaram o país a torto e a direito-trouxeram,de volta a inflação,o desemprego e a falência,até da Petrobras. A minha filha estás escrevendo um livro,e parece muito ocupada para se importar com um pai velho e enfermo.Seria uma netinha? Nunca me informaram que fosse avô( rindo).

-Posso mandar a visita entrar? Ela disse que está ansiosa para ver o nosso paciente. É bem vestida,acho que não é uma prostituta de luxo.

falou uma das assistentes da enfermaria adentrando o confortável quarto daquele exemplo de hospital-num país,onde a saúde pública reservada para o povo é sinônimo de caos e de terror.

A linda mulher adentrou pelo quarto.Vestia uma saia curtinha revelando um par de coxas bem torneadas cobertas por uma negra meia que ostentava flores bordadas.Tinha um decote proeminente que exibia parte dos seios firmes e durinhos.Um batom vermelho lhe desenhava os lábios.Pintura nas sobrancelhas e cílios postiços lhes desenhavam o olhar.As enfermeiras pareciam pasmas-com tamanha presença."Talvez,seja uma jovem amante.Venha dizer-lhe que está grávida e quer dar um golpe no velhinho tirando-lhe uma pequena fortuna."Pensavam,em uníssono com as demais medindo a sedutora e jovem mulher dos pés à cabeça. As mulheres nutrem,naturalmente a inveja uma das outras.Quem tem mais bunda,se é empinada,ou não.Seios durinhos.Lábios carnudos-um olhar de puta sedutora,ou de santa-ou de falsa santa.

- Bom dia.Sinto muito por sua saúde.Foi muito difícil poder reencontrá-lo.Tive até mesmo que contratar os serviços de uma agência de investigações.Custou-me uma pequena fortuna.

-Não tenho nada a ver com as pilantragens dele,senhora.Fui apenas um bom veterinário...Eu não queria que fosse político,mas que,também, estudasse veterinária e aprendesse a cuidar de cães e gatos enfermos....no entanto preferiu ser adepto do comunismo e do roubo dos cofres públicos. Dizia que não queria aprender a cuidar dos bichos,mas dos animais-os que votam nas eleições,apesar de me confessar que as eleições são grandes farsas para se eleger quem bem quiserem.Tem até um tal quociente eleitoral que coloca no poder quem o eleitor não votou-impressiona a canalhice em nosso país.Temos uma nação de povo otário,subserviente e passivo.Anda o tempo inteiro de quatro para os políticos-que nos roubam e destroem um país,

Disse o pobre senhor,de forma nervosa,gaguejava.Agitava as duas mãos de forma simultânea,de olhos arregalados.As enfermeiras ficaram nervosas,apreensivas. Não sabiam que fosse tão politizado.

-Não pode deixá-lo nervoso,pode ser perigoso para sua saúde.Ele tem quase 90 anos. O hospital não vai gostar de perder tão valoroso paciente.

Falou uma delas,tendo uma seringa nas mãos.

-Eu não sou da polícia federal,calma.Eu vim sanar uma dívida que tenho com o senhor.Pode não se recordar,mas lhe devo algo,e quero pagar.Faz parte de minha personalidade cumprir com as minhas obrigações sociais e financeiras. Orgulho-me de ser uma exceção em um país que ainda funciona a "Lei de Gérson-o negócio é levar vantagem ,certo?"

-Nã0 me recordo...da jovem. Muito bela,por sinal. Nem re recordo de dívida alguma..

-Claro,que não.Faz tanto tempo. Eu era uma criança.

Dialogava com o idoso enfermo,enquanto preenchia um cheque especial,de muitas estrelas,por sinal.Ofereceu o cheque nas mãos do idoso sob olhares impactados das enfermeiras.

-R$ 200,00? Não me recordo desta dívida nem de que alguém tenha ficado me devendo este valor um dia.Não poderia me lembrar?

-Aqui perto tem um prédio modesto chamado Dollynha?

-Tem,sim.É um prédio onde funciona até um salão de beleza.As enfermeiras,até fazem la as unhas e até os cabelos,vez em quando.

-Eu era uma criancinha e no lugar daquele prédio tinha apenas um terreno baldio.O terreno era meu.Eu o vendi para financiar a minha faculdade. Não queria cursar uma universidade pública-eu sabia que ficariam reduzidas à ruínas do saber,cheias de porcarias ensinando pouco e doutrinando os alunos para que formassem uma sociedade imoral,e pouco qualificada.Era uma adolescente muito informada e viaja muito aos exterior.

-Você se formou?

Indagou o senhor,agora mais calmo-indagou assim,de olhar saltado.

-Eu fiz veterinária-em Londres,é claro.

Todos ficaram em silêncio.Reinava no ar um não sei o que de mistério.

-Posso lhes contar uma história?

Disse a jovem mulher a todos olhando.As enfermeiras procuravam onde poder sentar.Eram profissionais belas e charmosas.Haviam passado pelas melhores escolas de enfermagem do país. faziam questão de ostentar nos lábios o batom vermelho. Seduziam os médicos,e alguns pacientes ricos.Ela começou a narrativa assim:

"No verão de 1980 às 10:00h da manhã.Clarinha percebeu que a sua cadelinha estava quieta demais para o seu peculiar agito matinal."

-Mãe,a minha cadelinha deve está doente.Fica deitada,se quer late.Não se levantou quando me viu.

-Não tenho dinheiro.Vai ficar doente,mesmo.É apenas um animal.Depois a gente ver isso.Faz um remédio caseiro.deve ser verme.

-Mas,mãe ela pode morrer,deve tá sofrendo.Tem uma clínica de veterinário logo aqui perto.A gente leva ela la,ele passa um remédio,cuida dela,vamos...Não deve custar caro.

-Não,senhora,não tenho dinheiro.Pode esquecer.

"O olhar da menina pôs a mãe num estado de tristeza,mas resistiu não queria gastar.O país vivia uma séria crise moral política,com alarmante estado de desemprego,corrupção,inflação alta como nos dias de hoje."

"Aproveitando-se de uma distração da mãe a pequena teimosinha pega a sua cadelinha no colo e,sorrateira adentra na clínica veterinária sem ter um centavo no bolso. A recepcionista tentou contê-la mas sem sucesso.Atraído pelo barulho,o veterinário aparece".

-Dr. ela ta doente.Eu estou triste,trouxe pro senhor cuidar dela.Eu amo a minha cachorrinha,sem ela não posso viver.É so um animal,mas é o meu amor.

-Cadê a sua mãe? O que faz aqui sozinha? Não posso atender a este animal sem que sua mãe pague,concorde...

" Então,a pequena faz a narração dela com a sua mãe.O seu descaso pelo animal enfermo e falando de crise financeira na família."

-Eu vou cuidar dela,ta bom?É apenas um animal mas sofre-precisamos ser caridosos com os animais,também.

" A criança vibrou,de euforia.Uma alegria empolgante."

-Mas,vai me prometer uma coisa.

-O quê?

-Um dia vai ter que me pagar esta consulta.Esperarei que cresça,estude e me pague num valor atualizado.Tudo bem?

-Oba,tudo.Farei tudo o que me pedir. Eu juro pela honra do meu país.

-Então vou pedir mais uma coisa...Posso?

-Pode...pede...

-Quero que faça veterinária.

-Em nome da Dollynha,eu farei veterinária.E pagarei a sua consulta e os remédios que deu a ela...

LG

Leônidas Grego
Enviado por Leônidas Grego em 27/12/2016
Reeditado em 31/12/2016
Código do texto: T5864178
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