UM NOVO FAZENDEIRO

Josué olhava de cima de uma colina a extensão de suas terras. O tapete verde cobria muitos hectares desde a expansão de sua fazenda. Tudo começou com uma pequena porção de terras. Há vinte anos o jovem Josué chegou em Pirau do Norte em busca de emprego como vaqueiro. Ele conseguiu uma colocação na Fazenda São Bento. Esta fazenda pertencia ao coronel Zé Bento. O vaqueiro ordenhava vacas, vacinava os bezerros e ainda amansava touros bravos. O trabalho não era maior por causa da pequena quantidade de reses deste coronel. A fazenda exibia sinais de decadência. No passado ali foi uma importante propriedade para a região e fornecia leite e carne para os principais mercados e acougues. Porém a má gestão de Zé Tino levou a quase falência da outrora fazenda próspera. A estrutura desta propriedade apresentava desgaste, principalmente a casa grande e as cercas que delimitavam o seu tamanho, como também os currais. Mas o velho fazendeiro pouco se importava com o fim daquele "império". Diante dessa situação o vaqueiro propós uma parceria para tentar reestruturar a fazenda. A proposta determinaria uma comissão de 5% do valor por cada cabeça de gado. Ele se comprometeu com a aplicação de vacinas, e compra de ração de boa qualidade. O velho selou a parceria e ainda forneceu uma procuração para o vaqueiro negociar as reses. Josué viajava uma vez por semana para as feiras rurais e voltava com muito dinheiro resultante de ótimas negociações. O vaqueiro ainda conseguiu um empréstimo para restaurar a fazenda e torná-la informatizada. Após isso os negócios melhoraram e proporcionaram a contratação de um profissional responsável por inseminação artificial. Em cinco anos a fazenda contabilizava um plantel de mil reses resultantes das 20 vacas existentes no dia da chegada do vaqueiro. A propriedade voltou a fornecer carne e leite para o comércio local e aos poucos incorporava os pequenos sítios e granjas. O velho Zé Tino apenas observava passivamente as transformações sentado em sua velha cadeira á beira de sua varanda novinha em folha. Ele estava feliz com aquela realidade. Mas certo dia o velho fazendeiro vasculhou uns papéis que pareciam com a contabilidade da fazenda. As planilhas mostravam os preços dos bois vendidos e os lucros também. O vaqueiro ficava com 80% e o Zé Tino com apenas 20%. Enquanto as reses do vaqueiro aumentava, o plantel do velho fazendeiro diminuia sensivelmente. Em meio aos papéis também foi encontrado um documento que atestava o Josué como verdadeiro dono da fazenda. Zé Tino questionou sobre isso, mas o vaqueiro desconversou e deu as costas. Aos 80 anos o velho fazendeiro constatou que foi enganado pelo seu antigo funcionário. Houve mais contestações que ocasionaram na internação do idoso em um asilo. O velho não tinha parentes, tampouco amigos que o tirassem de lá. O agora novo fazendeiro argumentava para as pessoas que o Zé Tino lhe devia muito dinheiro e por isso ele passara a escritura para o vaqueiro. Josué estava rico, mas sempre desconfiado dos seus empregados que agora somava 50 vaqueiros. Um verdadeiro sucesso.

Levi Oliveira
Enviado por Levi Oliveira em 19/12/2016
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