O ESPETINHO DO MIMOZIN
Após perder o emprego de porteiro de prédio Josinaldo Mimozin optou por trabalhar para si próprio. A recolocação em um novo trabalho estava difícil. A fila de desempregados aumentava a cada dia. Então ele montou uma barraca na esquina do Catete. Neste empreendimento tinha vários tipos de bebidas como cachaça, cerveja, e o famoso tira gosto de carne e linguiça. O ex porteiro abriu o letreiro com o nome de "Espetinho do Mimozin". O principal público deste negócio era o grande número de trabalhadores da fábrica de peças automotivas Santori. Os operários paravam naquela esquina no final do expediente, ali bebiam um pouco e jogavam conversa fora. Em pouco tempo a clientela foi aumentando devido a qualidade do produto vendido ali. O tempero colocado na carne era o grande atrativo para tamanha popularidade. Josinaldo Mimozin não divulgava o segredo de seu tempero. Alguns acreditavam que a carne vinha de fazendas respeitáveis. O "micro empresário" aproveitou a fama para expandir o seu empreendimento e garantiu o fornecimento para um boteco no bairro de Lins. Em seis meses o seu negócio passou a ocupar todas as calçadas do quarteirão. Este fato passou a incomodar os lojistas que nos dias festivos, como o Natal, fechavam as suas empresas um pouco mais tarde. A ocupação do espaço pelo famoso espetinho atrapalhava o vai e vem dos clientes das lojas. Todos os dias às 18 horas uma legião de operários aportava naquela esquina para se deliciar da carne famosa. A prefeitura foi avisada por pessoas anônimas da existência daquele comércio irregular. Os fiscais abordaram o dono do espetinho, mas foram atraídos pelo aroma da carne saborosa. Por isso ficou combinado que os dois fiscais não multariam o proprietário desde que ele fornecesse gratuitamente o tira gosto. Os lojistas ficaram revoltados com aquele descaso e passaram a "investigar" os passos de Josinaldo Mimozin. Eles "convocaram" um dos funcionários de uma loja de sapatos pars executar a tal "investigação". Mas este funcionário foi mais uma "vítima" do tempero famoso. Mais uma vez Josinaldo Mimozin escapou incólume da perseguição. Certa noite aportou naquela esquina um novo operário da fábrica de peças. Ele foi convencido pelos colegas para provar da carne deliciosa. O operário vinha de uma pequena cidade vizinha e estava acostumado a comer vários tipos de carne. Mas aquele tipo de carne era diferente, talvez por causa do tempero. Os colegas do operário insistiram para que ele se deliciasse daquela carne macia. Mas ele recusou prontamente. Dias depois os trabalhadores foram surpreendidos pela ausência do tal espetinho. Alguns diziam que ele tinha viajado para comprar a carne deliciosa. Outros falaram que ele tirou férias. Mas passou-se um mês, depois dois e nenhum sinal do proprietário do espetinho. No entanto, descobriu-se que o tal "empresário" fugiu do lugar por causa da falta de sua matéria prima. Naquela região foram extintas todas as raças de gatos. Os felinos foram abatidos por Josinaldo Mimozin. A carne era besuntada com temperos finos e umedecida com um delicioso vinho branco. Todos os operários gostavam da deliciosa carne, mas não desconfiaram da procedência dela. O único operário que não provou a carne foi uma das "vítimas" de Josinaldo Mimozin em outra cidade. Ele conhecia a procedência da matéria prima, mas não quis denunciar a tal irregularidade pois recebeu uma propina como pagamento. Mas também não divulgou o conteúdo dessa propina. Assim é o Brasil.