Contradições soteropolitanas
Alardeiam aos quatro cantos, que Salvador é a cidade mais negra fora da África. Não sei até onde isso é verdade. No entanto, mais de trezentos municípios no Brasil comemoram o Dia da Consciência Negra, decretando feriado municipal. Em Salvador não é feriado. O Soteropolitano, nesse dia trabalha. Convenhamos, é um contrassenso. Mas, há outras contradições. Por exemplo, quase a totalidade das cidades brasileiras comemora o Dia do seu Padroeiro, decretando feriado Municipal. Em Salvador, não. Nesse dia os soteropolitanos trabalham! Por falar em padroeiro, alguém sabe quem é o padroeiro de Salvador? Garanto que se for realizada uma enquete, em nossa Soterópolis, a maioria esmagadora da população vai afirmar que é Nosso Senhor do Bonfim. Essa impressão também têm moradores de outros municípios do estado e os turistas que aqui chegam, devido a fama de milagreiro que o santo conquistou. Também, pela procissão, no dia a ele consagrado, que arrasta milhares de fieis desde a Praça Cairu até a Colina Sagrada.
Para quem não sabe, dez de maio é o dia consagrado ao padroeiro de Salvador e desde o século XVII, mais precisamente desde o ano de 1686, São Francisco Xavier é o padroeiro de Salvador. O mais chocante disso tudo é que, sequer, existe uma Igreja com seu nome em nossa cidade.
“O Santo estava quietinho no seu canto quando os baianos, por ocasião da terrível epidemia de febre amarela em 1686, invocaram a sua proteção. A epidemia foi contida e atribuída à graça de Francisco, o missionário cofundador da Companhia de Jesus, que então mereceu uma procissão solene em agradecimento. Mais tarde, por requerimento da Câmara de Salvador e com o apoio dos jesuítas, obteve-se do Papa a proclamação de seu nome como padroeiro da cidade”
Pelo visto podemos afirmar que São Francisco Xavier é um padroeiro esquecido.
Quer mais uma contradição? Salvador talvez seja a única cidade do mundo onde Jesus tem um terreiro.