UMA ENCENAÇÃO
As aulas do Educandário San Martin finalmente começaram naquele fevereiro quente e abafado. A expectativa dos estudantes aumentava sobre a nova equipe de professores que lecionariam naquele ano. A equipe estava sendo chamada de uma verdadeira seleção. Todos os docentes possuiam curriculos invejáveis com Mestrado e Doutourado. A direção do educandário mantinha a tradição de melhor estabelecimento de ensino da cidade. A escolha destes professores ficava a cargo do diretor Cesar Montino. Ele era um rígido educador que lecionou em tempos passados em colégios famosos. O diretor não admitia erros, tanto dos docentes quanto dos funcionários. Qualquer que fosse o problema, o competente diretor encontrava a solução. Ele resolvia até crises conjugais de funcionários do educandário. Outro dia houve um desentendimento entre o porteiro e a merendeira, que era a sua esposa. Prontamente o sábio diretor apazigou os ânimos do casal com seus conselhos. Os dois chegaram a um consenso mais por medo de uma demissão do que propriamente desses "valorosos" conselhos. O sentimento de medo e de opressão eram latentes nos funcionários do educandário. Nos corredores não havia sequer um papel no chão. O diretor punia qualquer funcionário que não acatasse as suas ordens. Cesar Montino tinha sempre uma frase feita para qualquer levante ou discussão naquele educandário. Ele dizia: - Sou mais inteligente e culto do que voçês, obedeçam!. Todos odiavam a repetição dessas frases e contavam as horas para o afastamento do diretor daquela instituição de ensino. No entanto, faltavam ainda cinco anos para a aposentadoria de Cesar Montino. Certo dia, o professor Edmo do Carmo procurou o rígido chefe imediato. Quando saiu da sala dos professores, deparou-se com a porta do refeitório semi aberta. Ele entrou e presenciou uma cena estranha. O professor encontrou o exigente diretor aos beijos com a merendeira Martinha. Eles ficaram surpresos com a "invasão" do docente. Houve um demorado silêncio entre aquelas três pessoas. Mas Cesar Montino logo explicou: - Meu caro professor, esta cena que acabas de assistir nada mais é do que uma encenação. Vamos fazer uma peça de teatro logo em breve. Eu estava ensinando o famoso beijo técnico para a nossa valorosa merendeira. Tempos depois todos descobriram que os tais beijos foram motivados por um caso extra conjugal da merendeira com o rígido diretor. Eles mantiveram aquele relacionamento durante dois anos. Desde que o Cesar Montino prontificou-se a ensinar o "bê a bá" para a merendeira Plus Size. Ele dizia sempre na hora do almoço a famosa frase: - Eu gosto é de carne.