sagitário

E sem querer nos conhecemos, nos encontramos e nos entregamos. Foi tudo tão rápido, tão forte, tão intenso. Sim, se a gente não fizesse tudo tão depressa podíamos ter vivido um grande amor. E vivemos, não aquele, de contrato feito, assinado embaixo, mas um amor louco, vadio, sonhador, utópico, eu arriscaria dizer.

A vida te jogou na minha frente num momento que eu mais precisava. Era você quem eu esperava, e nem sabia, e você soube preencher exatamente tudo que me faltava. Os risos, os bilhetes, os abraços, apertados, as mãos ásperas de quem já não se cuidava mais, os olhos que brilhavam, o sol que se fazia inútil nas tardes frias, porque não nos tocava, porque nada nos tocava. O mundo todo parava e nós passávamos, passávamos tardes juntas achando graça de tudo, porque qualquer coisa era piada perto de nós. Só nós, apenas nós, e repito firmemente porque foi exatamente assim, somente nós duas, tínhamos importância.

E como um truque barato de mágica, daquelas que acertam o alvo, mas erram o feitiço, todos os dias viraram noites e eu custava a dormir. Nos afastamos porque dizia que assim era melhor, porque o medo do que havia por vir era maior.

Eu nunca tive medo do futuro, sempre o deixei vir como quisesse, e se doesse, levantava e continuava a andar, mas nem todos são assim, o medo de andar é maior do que a curiosidade, e daí todos se sentam e se encolhem ao invés de correr os riscos.

E nas noites eternas eu esperava o telefone tocar, e não tocava, esperava você gritar qualquer coisa como ‘eu te amo’ debaixo da minha janela, mas você não gritou, você não veio. Os dias ralentavam cada vez mais, tudo ficou sem graça, meus sorrisos cessaram e a dor aumentava a cada passo.

Quando você resolveu voltar pra minha vida eu tive raiva de você, porque na verdade não era você que voltava, era como se fosse uma outra personalidade, menos viva, com menos vontade de mim. Sem vontade alguma.

E mais uma vez sem querer nos encontramos, e as intensidades retomadas, pouco a pouco, mas já com outro foco.

Sempre juntas de alguma forma, cada uma seguiu seu caminho sem partir o nó que já havia se formado.

- E agora, o que há?

- Volta!

- Diz que me ama, que morreu de saudades

- Promete que vai me fazer feliz?

la belle de jour
Enviado por la belle de jour em 28/07/2007
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