O GUARDA DE RUA

O ano de 2001 começava com um sol brilhante e muito quente. Um janeiro de verão forte anunciava grandes expectativas para o desempregado Onildo. Ele, recén saído do Exército, estava com dificuldades para conseguir emprego em sua cidade Pitilândia. Mas o jovem precisava urgentemente de um trabalho. A sua mãe, dona Filomena, era uma idosa muito ativa e lavava roupas para as pessoas ricas do bairro de Jardins Eliséus. No entanto, a velhinha estava cansada de tanto trabalho e apostava tudo em seu único filho orfão de pai. Diante da dificuldade de encontrar emprego, Onildo teve a idéia de autoproclamar-se guarda de rua no bairro chique. Naquela época a violência era quase zero, mas os ricos gostaram da ideia de ter um "segurança particular" em sua rua, que aliás foi transformada por eles em território particular. Em pouco tempo Onildo "assumia" funções de pintor, eletricista, encanador, e claro, garantia a segurança daqueles ricos. Os moradores do edifício Las Casas recorriam diariamente aos serviços do guarda de rua. O sr Genival do apartamento 104 aproveitava o forte porte físico de Onildo para levá-lo até a praia em sua cadeira de rodas. O vizinho do 105, o transexual Lorance, também requisitava a presença de Onildo para trocar lâmpadas, botijões de gás e outros serviços pesados. A velha Dolores do 107 também requisitava os serviços do guarda de rua para fazer depósitos e pagamentos no banco. Ou seja, o Onildo ganhava um bom dinheiro. Certo dia, o guarda de rua fora chamado para trocar um encanamento no apartamento 69. A nova moradora mudou-se para aquele lugar a pouco mais de dois dias. Ela encontrou muitos problemas hidráulicos e a ausência de seu marido a obrigou a contratar o Onildo. O guarda de rua foi recomendado por Lorance para consertar os tais encanamentos da moradora do 69. A loira agendou a visita do "encanador" para o sábado de Carnaval. No dia marcado, Onildo adentrou no apartamento que estava com a porta semi aberta, e notou um silêncio no recinto. Mas escutou o barulho do chuveiro ligado e pensou que era proveniente dos problemas hidráulicos. Mas quando entrou no banheiro deparou-se com uma cena incrível. A loira estava no banheiro com outra pessoa, e não era o seu marido. Onildo voltou para a sala, e envergonhado, gritou: - Acho que a senhora está muito ocupada. Volto mais tarde. Porém quando ia partir, sentiu alguém segurar o seu braço de maneira delicada. Então Onildo aproveitou a ocasião para tascar um beijo na loira. Mas a pessoa que ele beijou não foi a vizinha novata, e sim a transexual Lorance, que às vezes se transformava em Fernandão. Ele já estava de olho no guarda de rua há muito tempo, e usou a novata para atraí-lo. O pobre Onildo queria apenas trabalhar, e não ser assediado. Que má sorte!.

Levi Oliveira
Enviado por Levi Oliveira em 15/11/2016
Reeditado em 15/11/2016
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