Manezim, o poeta papagaio.
Fiz boa amizade com o Manezim poeta, temos alguma coisa em comum, aprecio a poesia sertaneja à moda do Patativa e esse meu amigo um dia foi cantador de viola. O homem já está beirando os sessenta e vive como sempre viveu, despreocupado com o labor e ditando aos ventos suas frases repetidas. Sobrevive da caridade alheia e da ajuda de alguns amigos, enquanto aguarda a aposentadoria. É de uma dignidade extrema, não perde a pose, não pede esmola nem nunca se deixou viciar em jogo, álcool, mulheres e outros prazeres caros. Se diz e demonstra ser amante dos livros de literatura, anda sempre com alguns debaixo do braço.
A atividade de Manezim, no momento, é escrever quinzenalmente uns versinhos ou umas frases que ele chama de crônica para um jornaleco da cidade. Essa atividade lhe potencializa o orgulho. A bem dizer, ele não tem humildade nenhuma nem papas na língua, gasta seu tempo repetindo o que já disse e depreciando a maioria das pessoas que conhece. Mesmo antes de ler Saramago, já demonstrava certa inclinação para a descrença religiosa e depois que conheceu as opiniões do escritor português sobre a igreja do papa, foi que se acentuou nele mais ainda o seu ateísmo e sarcasmo.
Aqui na minha barbearia, o Manezim sempre discutiu muito com o barbeiro Branquinho, porque as opiniões deles diferem. O Branquinho é devoto, metido com missas, novenas de padroeiro e quermesses. O poeta Manezim, como gosta de ser chamado, mantém severa distância das ladainhas, mas também vive num mundo quimérico: fala dos escândalos da política, da maldade do ser humano, detesta futebol e deseja um mundo melhor, mas nada faz para melhorá-lo, e sem nenhuma modéstia se acha um gênio da poesia. Diz que é visto pela sociedade local como um pária, um comensal, enquanto eu noto que a sociedade o ignora completamente.
O que sei da vida do poeta desempregado são os acontecimentos contados por ele mesmo a mim, além de alguns detalhes que ele não revela, estes são enxertados pelos maliciosos que não são poucos. O poeta conta que foi muito infeliz, pois perdeu a mãe ainda menino e foi criado por umas tias solteiras. Diz que sempre foi raquítico, querendo justificar o porquê de nunca ter encarado trabalho algum. Se julga um intelectual, desde sempre, diz que leu na adolescência livros que os seus tios e avós possuíam numa velha estante. Frequentou muito pouco a escola e talvez não tenha nem concluído o primário. Tem uma caligrafia nojenta e quando vai ler alguma frase em voz alta, fica tropeçando nas palavras, como quem ainda está começando a soletrar. Diz que, quando era rapazote, teve lições de um padre velho da cidade e este lhe deu alguns livros e conselhos. Em suma, é nisso que se resume a sua formação, sem falar do experimento que fez por mais de vinte anos com viola e cantoria.
Moro numa cidade pequena e por aqui o que não falta é gente maliciosa. O Zé da Granja, sujeito casado e pai, porém com fama de bicha enrustida segundo as más línguas, contou-me, sussurrando, que o poeta Manezim, na adolescência, e mesmo depois da maioridade, andava numa jumenta e o animal era mais do que montaria, desempenhava papel de amante do jovem literato. A história deve ter fundamento, pois foi confirmada por um outro parceiro de cantoria, o Gelson mão de onça. Este me contou que certa noite em localidade daqui, depois de uma cantoria, já madrugada, o seu parceiro Manezim foi se meter com uma burra que estava num cercado da casa onde dormiam. Houve grande rebuliço, a bicha reagiu aos ataques dele e acordou as pessoas da residência, acontecimento que pegou muito mal.
É, mas eu não o detrato, só conto com convicção o que sei e jamais me responsabilizo pelo que os outros dizem. Digo, porém que ele, pelo que diz tem, sim os seus feitos e leituras. Fala que Coralina teve dificuldade para ser reconhecida como boa escritora por ter sido uma pobre doceira, e que foi preciso o poeta Drummond descobri-la e a apresentá-la ao mundo. Que a cearense Raquel de Queiroz tinha pernas grossas, que esteve entre gente importante da Marinha no Rio de Janeiro... E não foi à toa que foi a primeira mulher a entrar para a Academia Brasileira de Letras, pois maior do que ela era Cecilia Meireles e esta não conseguiu. Ele faz uso de alguns ditos insinuantes e conclusões que me deixam pensativo. Diz que crê nos versos de Augusto dos Anjos quando o assunto é a negação do amor, que futebol e religião são duas grandes besteiras. Seu maior ídolo da literatura é Lima Barreto por ter sido um pária como ele. Mas ele não pode ficar por baixo e diz que o Lima bebia cachaça e ele, não! Se acha superior a Patativa do Assaré e com a vantagem ainda de ser um poeta parnasiano.
Tem muito de arauto e de repórter, gosta de ser o primeiro a relatar as novidades que sabe e, sinceramente, não creio que ele seja capaz de guardar algum segredo. Mas insiste nas repetições quando não tem nada de novo para dizer. Conta que desde pequeno levou desvantagem, por ter nascido raquítico e perdido a mãe, não fala do pai. Foi criado por umas tias. Chegou a juventude e não diz por que nunca não se decidiu a trabalhar. Mas é sabido por todos que ele adotou de bom grado a musa inspiradora da preguiça. Como também é certo que ele se manteve longe dos vícios.
Os divertimentos da época de Manezim, eram as festas de igreja, leilões e música a base de sanfona ou repentes ao som de viola. Um dia, não se sabe por que milagre, ele ainda rapazote se sentiu atraído pela poesia dos cantadores e resolveu entoar aquelas remotas toadas. Sentiu que tinha facilidade para improvisar em versos como os repentistas. Fez amizade com um antigo cantador da região e este lhe ensinou alguns traquejos do ofício. As tias o reprovaram, achavam que devia procurar outra profissão, mas ele insistiu que ia ser cantador. Na maioridade, passou a viajar com um parceiro para cantar em lugarejos próximos. Aí começou a observar as moças e senhoras da plateia e foi aguçando a fome pelas mulheres. Conta que trepou muito com as negas nos cantos de cerca nas noitadas, mas que nunca foi chegado a beber cachaça. Diz que achava a atividade de violeiro prazerosa, mas também cansativa, e nisso se arrastou por mais de dez anos.
Certa noite em cantoria lá por Morada Nova gostou de uma mulher. Depois de breve namoro, juntaram-se. No começo, foi só prazer e festa, mas logo a mulher engravidou e nasceu uma menina. Resolveram tentar a vida em Fortaleza, à procura de melhores condições. Na capital, cantou em dupla na beira-mar para turistas, mas era do tipo acomodado. Assim que recebia de algum ouvinte uma gorjeta suficiente para comprar o almoço, fazia o caminho inverso. Vinha parando pelos sebos da cidade, onde se deleitava folheando livros velhos e conversando com outros leitores coisas sobre a vida de escritores famosos. O tempo foi passando e a esposa percebendo que o marido não se esforçava. A filha ia crescendo e a mãe que era só dona de casa, resolveu procurar um emprego. Só sei que para finalizar a história, o poeta disse que se sentiu desprezado e até mesmo traído. É que a mulher trabalhava a noite numa fábrica. Como ele não teve coragem para mudar a situação, escolheu a fuga e foi assim que abandonou o lar. Largou a mulher, a filha e até mesmo a viola que lhe dava o pão. Deixou a capital e voltou ao vale, agarrando-se mais do que nunca aos livros e a ociosidade.
É certo que ele cria seus sonetos, seus motes e poemas. É esse o seu trabalho. Vive por aqui e por aí ao sabor do vento e do tempo, é magro e alto. Detesta o calor e igualmente reclama da chuva, e eu não entendo como pode uma pessoa naquela idade, ainda não ter discernimento para entender as mudanças da natureza. Almoça em casa de alguns amigos e, muitas vezes, passa fome mesmo, mas é duro na queda, não mendiga. Vai uma vez por semana ao lugarejo Lagoa dos Cavalos onde tem uma tapera cheia de livros, por lá fica uns dois dias, depois volta para a cidade, e nos fins de semana se refugia na casa uma irmã numa outra localidade do campo. Na moradia da mana, passa o sábado e o domingo olhando para o nada e para uma televisão. Quando é segunda-feira, chega de bicicleta bem cedo, cumprimenta os presentes na barbearia, se manda para as bandas do mercado onde come alguma coisa, depois volta e quando não tem nenhuma fofoca local para espalhar, se aboleta na cadeira para começar a sua função de papagaio. Fala de tudo: das prisões que a polícia efetuou, de mortes de qualquer tipo, se por acidente, suicídios ou natural; fala de fuga de preso e até de briga de marido e mulher. Informa-se com as pessoas da rua e traz as novidades sem nenhum mistério e eu tomo conhecimento de tudo sem nada interrogar.
Foi apelidado de poeta papagaio ou da repetição, pelo crítico e irônico professor Picanço. Segundo o mestre, há muito de falacioso no que o poeta diz. Mas eu relevo, já estou acostumado, por isso antes que Manezim termine um assunto que começou, eu já adianto um comentário favorável, por isso a nossa conversa é sempre harmoniosa e cordata.
Justo Picanço, é homem de pouco riso e figura imparcial em seus julgamentos. Quando lê os escritos do Manezim vai apontando e corrigindo as falhas. Mostra a mim, a qualquer um e ao próprio poeta os vacilos deste. Diz que as falácias que ele escreve, às vezes, são tão gritantes que chegam a anular o que de proveitoso havia noutras partes da prosa. Justo Picanço é duro, mas diz que é justo até no nome, e dá a Deus o que é de Deus e ao poeta o que ele merece. Entra de sola tanto para defender o que há de coerente no texto, quanto para mostrar o que considera redundância, besteirol. Pelo crivo do professor, o poeta é mau para consigo mesmo, que é um zero na renda per capita do país, que não tem estrada, que é de horizonte curto, que não sabe apreciar as belezas da natureza, que apenas prima por rimar e metrificar, mas ninguém é poeta só por isso, que não tem ideias revolucionárias, que não canta o amor nem o social como Patativa fazia, nem ao menos cultiva algo de bucólico-lírico. E resume:
- O que ele escreve são coisas sobre o que leu. É sobre os feitos de Lampião, sobre a vida de escritores e romancistas; que a opinião do Manezim é a dos críticos; que o poeta é como um planeta velho que jamais será estrela e nunca será pelo simples motivo de que não consegue desenvolver ideias próprias. É fraco na leitura, também, descobriu isso depois que o Manezim em pessoa lhe confessou que não conseguia encarar nada do Guimarães Rosa. Gostava mesmo de ler era José Lins do Rego, leitura branda, clara, sem rebuscamentos. O Guimarães vinha com aqueles dizeres de matuto e aqueles termos que nem estavam nos dicionários. E repetia: Guimarães, Euclides, Drummond, João Cabral e outros da mesma linha podiam até ser grandes lá para o pessoal insosso do Sul, mas para Manezim poeta, não passavam de umas grandes bestas. Diante desses fatos, o Picanço deduzia que o poeta papagaio não apreciava nem gostava daqueles autores mestres, pela pura e simples razão de não os entender. Picanço assegura ainda que as criações de Manezim soam mais como resenhas, mesmo assim, tenta com boa vontade entender e justificar a inexperiência e a ingenuidade do pobre escritor. Ao seu ver, seria muito mais proveitoso, o poeta fazer cordéis ou mesmo continuar na viola fazendo toscos versos e rimatórios orais para descrever o mundo simples do sertão, como fazem boa parte dos cantadores. Mas não, o homem cismou de uma hora para outra que devia ser literato e começou a ler coisas antigas. Até aí tudo bem, pois é bom se ter conhecimento dos clássicos. Agora, tentar imitá-los é um perigo, uma temeridade sem propósito. Vivemos noutra época, hoje a linguagem é outra. Só que o Manezim caiu na tentação e foi assim que começou a traçar estrofes arcaicas e descaradamente repetitivas. Parecia brincadeira, mas era verdade, a salada era grande, da roupa velha com os remendos novos.
Qualquer um que lê os versos do Manezim, vai se deparar com palavras do tipo: volutabro, teratológico, macabro, essa é uma constante em quase todas as suas criações. Timorato, famélico, valongos, angélico, valhacouto, tosco, malédico, nefasto, fosco, solarengo, nefando, anacoreta, bordalengo. Também nunca faltam no cardápio do papagaio: Chalaça, faceta, fescenino, tosquiento, pêca, turbamulta, sorumbático, raté, verdugo, peralvilho, verborrágico, tétrica (essa também é uma das campeãs) proscênio, labrego, escorreito, madraço, precito, pensabundo, rabigo, lisura, comensal.
Além de usar termos arcaicos com a intenção de parecer intelectual, é repetitivo, ou seja, em quase todo poema seu vem sempre uma ou outra palavra que já apareceu noutro poema. Assim, é corriqueiro se ver proscênio rimando com gênio, macabro com volutabro, timorato com candidato, pêca com seca, nefando com miserando, pensabundo com moribundo, lisura com tristura e por aí vai. O Picanço é irônico mas creio que a alcunha de papagaio cai bem em Manezim.
Não pense você que o tal vate em questão tem alguma coisa de humilde e brincalhão que você erra! O sujeito é prepotente, é do tipo que se exalta dizendo que não conhece ninguém aqui na cidade que tenha lido o quanto ele leu, nem mesmo conhece ninguém que tenha o dom que ele tem para escrever. Vangloria-se alardeando que é talentoso, que tem dom, que consegue passar a mensagem, que suas criações tem urdidura. Só quem o rebate bem é o tranquilo e bem centrado Picanço, que lhe diz sem cerimônia: - que o voce tem de sobra é muita cara dura, seu papagaio velho!
O poeta Manezim, porém, por mais que tente se enquadrar no meio dos literatos, não nega de onde veio. Gosta muito é de falar das grosseiras criações de cantadores que ele diz serem grandes, e acentua: “é grande! é grande!” E o Picanço o olha descrente e pergunta:
- Grande em quê? Onde é você está vendo grandeza nesses ditos grosseiros, nessas estrofezinhas de matuto cantador? Grande em quê? Diga–me o que vê de grande nessas rudezas? E o poeta fica sentido, tenta rebater, mas se acovarda diante do professor. No fundo, não consegue enfrentar Picanço, lhe falta argumento. Mesmo assim ainda se arrisca a dizer que o professor não entende, por não ter alma de poeta e ser um homem somente da gramática. A conversa entre eles não passa disso e eu procuro nunca me intrometer nessas partes delicadas do assunto.
Manezim parece mesmo que gosta de dramatizar sua vida, gosta de se fazer de vítima. Fala que, à moda de Graciliano Ramos, curtiu muita fome e que igualmente comeu poucas periquitas, referindo-se assim à genitália das mulheres, e que nunca recebeu ajuda de ninguém, mas a verdade é outra. O sujeito simplesmente desbaratou todo o seu tempo do passado, nunca se ocupou de ofício algum. Quanto a ajuda? recebeu sim e até demais de parentes e amigos, pois se assim não fosse, teria morrido de fome há muito tempo. Nisso de falar coisas repetidas e rabiscar uns fracos versos vai se arrastando até hoje, falando da vida dos outros ou filosofando bordões e jargões sem muita importância.
Detrata o futebol e alguns programas de televisão, fala dos escândalos da política e da falta de moral e de leitura do povo, ou seja, diz o que todo mundo sabe. Repete dados biográficos de Machado de Assis, que este era filho de um pintor de parede e que Lima Barreto vivia tomando cachaça e criticando a sociedade carioca no início do século XX, e mistura uma coisa com outra. Acusa, defende, compara. Aliás, comparar é o que ele mais sabe fazer e gosta. Tem o despautério de dizer que Jackson do Pandeiro é maior do que Luiz Gonzaga, que fulano canta mais do que sicrano, que Paulo Coelho é um escritor fraco, que Patativa só se tornou famoso porque um grandão publicou a sua obra, e que a obra dele, Manezim poeta, é tão grande ou quiçá maior que a de Patativa, com um detalhe de que ele não é um poeta matuto, mas sim um Parnasiano! Como se vê o homem gosta de uma vanglória e de uma repetiçãozinha que não é brincadeira.
Manezim, o Poeta Papagaio nunca quis saber de igrejas, nem de pregações virtuosas, mas segundo o professor Picanço, o papagaio se parece com os padres, pregadores e pajés em geral por achar que os que têm muito, devem dividir com ele, mostrando assim o seu lado comunista equivocado. Comunista do venha a nós somente. Mas o poeta se tem na conta de que sabe mais de que os alunos que frequentam os cursos superiores. Definitivamente não quer nem nunca quis saber de melhorar a si mesmo, porém se acha o tal, e não vá discutir com ele que às coisas não são assim, que ele se zanga com você e fica de mal. É inegável que ele tem amor aos livros, coleciona-os e costuma dizer que os tem ao invés de dizer que os lê ou leu: “eu tem-o, Os Miseráveis? eu tem-o, a obra completa de Machado eu tem-o, o Grande Sertão de Guimarães eu tem-o, os poemas de Augusto dos Anjos eu tem-o, o cacete eu tem-o...!”
Esse “tem-o” dele, é um efeito mau de sua pronúncia de desdentado. Sente grande prazer em dizer que tem muitos livros. Segundo Picanço, sua visão e interesse não parece ser para com às obras, e sim para com a vida dos escritores. Sabe muito sobre Lima Barreto, Adolfo Caminha, Euclides da Cunha, Machado. Nisso de contar como foi a vida de alguns deles, deleita-se, principalmente, se houver algum drama ou escândalo no meio da biografia do vulto literário. Faz disso uma espécie de conto contado, aí cita nomes, crimes, datas, tudo. Um manual de resenha ambulante. Diz das diferenças entre às obras de Olavo Bilac e a de Augusto dos Anjos, entre Coelho Neto e os modernistas e tal. E repete o ramerrão falacioso: “Patativa só se tornou famoso porque o Arraes publicou a sua obra e levou para a França seus poemas para serem lidos na Sorbone”.
Manezim é opinioso e faz muito tempo que não troca palavras com o barbeiro Branquinho. Estão de mal por causas das suas ideias e parece que nada os une. Quando começaram a se desentender, lembro que o Branquinho o chamou de herege e, Manezim o chamou de carola, mas é isso, cada um na sua e no meu salão de barbeiro não admito grandes querelas. Imagino que deve haver e sem dúvida há, uma certa ambição futura nos projetos dos dois. Vejo que o Branquinho, devoto como é, pensa nas beatitudes do paraíso pós-morte, por isso leva vida cheia de preceitos, procissões e ladainhas; já o Manezim não está nem aí para a vida que leva, nem para a futura, seu trabalho consiste em seus bons ou maus escritos. É como se já estivesse se despedido desse mundo macabro como ele diz em versos. Tenta criar alguma obra literária para deixar para a posteridade... e pode ser que nisso exista um pouco de crença na perenidade da alma. É sujeito pedante, indolente e contador de vantagens, mesmo assim deve imaginar que depois de morto não será totalmente esquecido, poderá ser bem lembrado, homenageado e até imortalizado pela sua obra.