A AMANTE DO AMIGO
Dois amigos se encontraram no Bar do Lobo. Eles se conheciam desde criança no bairro Lima Ramos. Mas eles cresceram, casaram e cada um foi para o seu lado. Luiz Carlos formou-se em Economia e Sérgio Santos em Direito. Devido a falta de tempo, os dois se comunicavam apenas pelas redes sociais. No entanto, por causa de uma visita a um cliente, Luiz Carlos aproveitou para rever o amigo de longa data em sua cidade de origem. No bar, eles relatavam as suas conquistas, e seus fracassos também. Sérgio Santos lamentava muito mais do que o amigo. Há dois meses estava desempregado e não encontrava perspectivas de sucesso. Ele tinha dois filhos menores que estudavam em escola particular. Porém se continuasse naquela situação, o advogado desempregado tiraria os filhos da escola. Outro problema era sobre a sua mulher que recusava-se a economizar nas despesas com o cabeleireiro. Desta forma, o dinheiro da indenização que recebeu da empresa evaporaria tal qual gotículas de chuva em dia de intenso calor. Luiz Carlos escutava atentamente as lamúrias do pobre amigo. A situação do país não estava fácil. Mas ele também lamentava os apertos que passava diariamente. No café da manhã não comia mais queijo, no almoço não tinha alcatra, e o chá da tarde deixaram de existir na vida dele. A sua conta corrente contabilizava apenas uma pequena quantia de 500 mil reais. Esse valor para ele era uma ninharia. Ele reclamava também do pequeno salário de 10 mil reais mensais. Aquele valor o impedia de viajar nas férias anuais para o exterior. A sua esposa reclamava que ele gastava mais do que ganhava na empresa multinacional. Mas o que Luiz Carlos se gabava mais era sobre o relacionamento extra conjugal com uma mulher casada. Ele relatou os encontros com essa mulher toda semana. A adúltera falava para o esposo que ia ao dentista, mas na verdade o seu destino era o motel "Roda a Roda". Luiz Carlos detalhou as características físicas da sua amante. A única reclamação do economista tratava-se sobre a mesada de 3 mil reais para a adúltera. À medida que o economista contava os detalhes do corpo da mulher ao amigo, Sérgio Santos identificava a imagem de sua esposa. Até o nome da amante do amigo era similar ao da esposa do advogado. Ele pensava: - Esta mulher é a minha esposa. O advogado desempregado pensou em esganar o amigo, porém conteve a sua raiva. Afinal de contas, de acordo com o seu amigo, a mulher adúltera vivia cheia de luxos. Por outro lado ele não iria perder também um grande amigo. Deixa tudo como está. Faz de conta que não ouviu nada sobre o adultério da esposa e que nada disso aconteceu em sua vida. Ele ainda pensava: - Amigo é pra essas coisas.