A vida num ecrã

Não é um caso isolado, pelo que tenho visto começa a ser a regra e não a excepção:

Num transporte público, mãe agarrada ao Smartphone e o filho ao Tablet, durante toda a viagem mal se falam, pois não conseguem tirar os olhos dos seus ecrãs.

Em casa à noite, quando a família está junta o cenário repete-se,a família mal se fala, pois cada um está mergulhado no seu ecrã, vivem juntos mas mal comunicam entre si.

Não é preciso ser um génio para perceber que este “vício do ecrã” dá cabo dos laços familiares, que não são novas formas de socialização ou de comunicação, são é antes a destruição da comunicação, tal como a conhecemos desde que aprendemos a comunicar como espécie, há milhões de anos.

Pergunto a mim mesmo o que acontecerá se um dia os ecrãs se apagarem? (não é um cenário assim tão impossível, uma tempestade solar ligeira teria esse efeito na nossa electrónica)

Fica cada um a olhar para o vazio, porque, tendo vontade de comunicar cara a cara, perderam a capacidade de o fazerem?

Ou, como escrevi em tempos, vão reaprender a comunicar, quase a partir do nada, como uma criança com poucos anos de vida?

Não sei, só sei que de ecrãs, hoje já bastou o tempo que demorei a escrever estas linhas, porque prefiro, sempre preferi o ecrã maior, aquele onde tudo é o que parece, aquele onde tudo acontece, aquele que nunca se desliga, aquele que se vê quando se desligam os ecrãs menores...

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 27/10/2016
Reeditado em 27/10/2016
Código do texto: T5804724
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