A vida num ecrã
Não é um caso isolado, pelo que tenho visto começa a ser a regra e não a excepção:
Num transporte público, mãe agarrada ao Smartphone e o filho ao Tablet, durante toda a viagem mal se falam, pois não conseguem tirar os olhos dos seus ecrãs.
Em casa à noite, quando a família está junta o cenário repete-se,a família mal se fala, pois cada um está mergulhado no seu ecrã, vivem juntos mas mal comunicam entre si.
Não é preciso ser um génio para perceber que este “vício do ecrã” dá cabo dos laços familiares, que não são novas formas de socialização ou de comunicação, são é antes a destruição da comunicação, tal como a conhecemos desde que aprendemos a comunicar como espécie, há milhões de anos.
Pergunto a mim mesmo o que acontecerá se um dia os ecrãs se apagarem? (não é um cenário assim tão impossível, uma tempestade solar ligeira teria esse efeito na nossa electrónica)
Fica cada um a olhar para o vazio, porque, tendo vontade de comunicar cara a cara, perderam a capacidade de o fazerem?
Ou, como escrevi em tempos, vão reaprender a comunicar, quase a partir do nada, como uma criança com poucos anos de vida?
Não sei, só sei que de ecrãs, hoje já bastou o tempo que demorei a escrever estas linhas, porque prefiro, sempre preferi o ecrã maior, aquele onde tudo é o que parece, aquele onde tudo acontece, aquele que nunca se desliga, aquele que se vê quando se desligam os ecrãs menores...