A CHINESA NA FEIRA
Ela passeava com seu vestido branco, sandálias rasteiras acompanhadas por uma meia calça cor de pele. Nas mãos dela uma sombrinha adornada com imagens de flores e pastagens verdes virava de vez em quando por causa da forte ventania. A chuva fina molhava os seus dedos finos e brancos. A água ensopava a meia calça, tonando-a encardida por causa das impurezas dos esgotos. Algumas pessoas passavam ao lado dela e riam de seu vestido encardido. Os cabelos presos e pretos eavoaçam por causa dos ventos fortes. O corpo dela era franzino e não exibia atrativos para os homens mais exigentes. Quando ela parou diante do farol, os motoristas não olharam para a sua direção, mas para uma morena de short curto que estava ao seu lado. Ela atravessou a faixa de pedestres e dirigiu-se a banca de peixes. A feira livre não representava um programa favorito, mas ela precisava comprar alguns víveres para toda a semana. Ela conversou com um feirante que não entendeu nada. Então dirigiu-se ao comerciante de milho. O homem balbuciou alguma coisa para a chinesa, que não entendeu nada. As mímicas e gestos do comerciante não ajudavam no avanço da negociação. O feirante idoso balançava a cabeça negativamente. Mas o feirante entregou-lhe um pacote de milho verde por algumas moedas de pouco valor. A única coisa que ele entendeu foi a palavra "pechincha". A chinesa na feira conseguiu finalmente algo para si e seu filho: Um pacote com dez espigas de milho por um real. A oriental pegou o comerciante na primeira palavra e na primeira negociação que fez em solo brasileiro. A chinesa demorou mais de meia hora naquela negociação, mas obteve sem dúvida uma vitória e de preferência com muita esperteza.