(Imagem Google)



“Boa Noite, Cinderela!”




 
Renato acordou e, num primeiro momento, percebeu que estava nu, dentro de uma banheira. Não se lembrava de todos os detalhes da noite anterior, as lembranças eram como flashes na sua mente. Num esforço descomunal para concatenar as ideias, muito lentamente, foi se recuperando e fez a retrospectiva do dia anterior.

Renato estava exausto, ao sair da empresa naquela noite de sexta-feira, após uma longa reunião que, apesar de produtiva, foi bastante estressante. Era uma noite quente e, embora cansado, resolveu que antes de ir para o hotel, onde estava hospedado, tomaria um drink num barzinho famoso que ficava a duas quadras dali. O bar estava lotado e ele conseguiu um lugar no balcão, onde se sentou e pediu a bebida. Deu uma olhada geral no ambiente e notou que a maioria era de jovens que falavam muito, riam, se divertiam e dançavam ao som de música ao vivo, de um cantor de MPB.

Estava terminando o drink e já ia se levantar quando Ana se aproximou dele. Ana era o tipo de mulher que não dava para se desprezar, mesmo cansado e ansioso por uma ducha quente e uma cama, ainda que fosse sozinho. Ela era uma loira deslumbrante, dentro de um vestido preto, ajustado ao corpo, curto, extremamente colado,  sem medo de ostentar um corpo em boa forma e as curvas bem delineadas. 

Renato sentiu-se privilegiado pela moça ter preferido a sua companhia a de tantos jovens ali, não que ele não fosse atraente, mas já havia entrado na casa dos quarenta. Ana era mais jovem e parecia interessar-se por homens mais velhos e logo conversavam animadamente, como se fossem conhecidos de longa data.

Já passava da uma da manhã e Renato e Ana decidiram, então, sair dali para terminarem a noite em um hotel, próximo dali, por indicação mesmo de Ana, e esta prometia momentos de alegria e muito sexo.

Recordava, com esforço, dessas cenas e não compreendia exatamente o grau do perigo que estava correndo. Percebeu, atônito, que estava completamente só, ainda dentro de uma banheira com gelo. Foi quando notou um bilhete colado na parede, escrito: “Ligue para o Pronto Socorro , número  (atendimento de emergência) ou morrerá”. Viu um aparelho de telefone ao lado da banheira e ligou de imediato. Relatou  o acontecido, explicando que não sabia o que estava acontecendo, mas ainda se lembrava do nome do hotel, e o motivo da sua ligação. A atendente o orientou para sair da banheira e se olhar no espelho. Aparentemente, estava normal, então, foi orientado para checar cuidadosamente se havia um tubo que saia da parte baixa das costas. Sim, havia o tubo e também  percebeu dois cortes de mais ou menos quinze centímetros cada, no local indicado. A atendente  o orientou para entrar novamente na banheira com gelo e aguardar a chegada da emergência e paramédicos que seriam enviados imediatamente. Infelizmente, haviam lhe roubado os rins e ele foi levado ao hospital das clínicas.

Renato já tinha ouvido falar sobre a máfia do crime organizado que tinha como alvo pessoas que viajavam a trabalho ou estudo. Ele não queria acreditar, mas era mais uma vítima dessa máfia que contava com pessoal altamente especializado, para extrair rins de pessoas que geralmente gostavam da noite e frequentavam barzinhos, boates, discotecas, casas de sexo e shows de rock. Usavam moças bonitas, como iscas, e eram dopados ao ingerirem a misteriosa bebida "Boa Noite, Cinderela".

Renato está conectado a um sistema que o mantém vivo, esperando encontrar um rim compatível com o seu. Estudos de compatibilidade estão sendo realizados para encontrar um doador.


Nota: Realidade ou ficção? Bem, acho que muita gente já ouviu um boato igual a esse, mas, de qualquer forma, “Boa Noite, Cinderela” não é uma lenda, esse golpe tem sido praticado para fins de roubos e estupros...então, é melhor tomar muito cuidado!




 
 
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Lucia Moraës
Enviado por Lucia Moraës em 15/10/2016
Reeditado em 05/06/2019
Código do texto: T5792466
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