O olhar da Margot

O olhar da Margot

Maju Guerra

Carlinha acordou em pânico, que sonho mais estranho, parecia real. Foi à janela, a lua cheia brilhava alto no céu. Ela havia sonhado com lobos uivando e olhando pra ela de forma ameaçadora, certeza de que iriam atacá-la. Ela se via paralisada, não sabia o que fazer, então, para seu alívio, despertou. O sonho tem isso de bom, quando é estranho ou amedrontador a pessoa pode acordar, na vida real é diferente, uma pena, refletiu Carlinha.

Resolveu chegar mais cedo ao escritório. Ela nunca fora uma pessoa impressionável, mas o sonho não saía da sua cabeça, atrapalhou seu dia. Não não conseguia terminar o projeto, o prazo quase esgotado... Sabia o porquê de ter sido escolhida para tarefa tão complexa, sempre dera conta do recado naquela área específica. A pessoa precisa estar cônscia das suas habilidades, sabia que não era a melhor em outras áreas, “cada um com seu cada qual”, como dizia tia Corina. A Margot, que trabalhava na sala ao lado, porém, ainda morria de inveja. Quando Carlinha passava pelo corredor, a Margot não parava de olhar para ela com o aquele olhar ruim que todos comentavam. Carlinha rezou para retirar a energia densa em torno dela, abstraiu o ambiente e foi se dedicar ao que lhe cabia: o término do projeto dentro do prazo.

Três dias depois, tudo concluído da melhor forma, muitos elogios, e a Margot, cruzes, que olhar agourento... Com ela por perto todos precisavam estar alertas. Que a Margot fosse designada para trabalhar em um projeto bem importante de acordo com a sua capacidade, assim todos ficariam em paz por um tempo.

Maria Julia Guerra.

Salvador, julho de 2013.