Voltando para casa
Pés descalços a contemplar
e chão rachado a pisar,
lá vem o trovador.
Em sua mão esquerda um cajado velho e gasto,
na outra, rugas de sabedoria...lá vem o trovador.
Cabelos brancos de caminhos tentados,
olhos cansados,
peito apertado,
lá vem o trovador...
É tanta a saudade das coisas que ama,
dos sons da simplicidade,
pássaros, mar, riso, amigos, caridade, interior, canção, terra, vó.
Foi quando parou próximo a um autêntico ponto de ônibus de interior, desprovido de estrutura, contendo apenas um teto capaz de sombrear um cachorro esquelético, visão constante em sua adolescência, imediatamente se reportou à infância, que nunca deveria morrer em nós, primos reunidos, jogos ao anoitecer, risos incontrolados,
café de vó, cheiro do interior.
Dividi-los com a modernidade é tão injusto,
luta pela sobrevivência, estudos, descanso, preocupações...
eles necessitam de cadeira cativa, de quadro imovível
na casa mental que nos acompanha.
Lá vem o trovador...
hora de sentir o cheiro de casa,
a musicalidade que lhe dá vida,
hora de segurar novamente as mãos daqueles
que lhe espera...
Para os verdadeiros valores da vida,
lá vem o trovador...