O JOGO DA VIDA
Esta vida é um jogo onde tudo acontece ou se perde ou se ganha seus caprichos nos conduz por rumos diferentes daqueles que traçamos para trilharmos. A bela italiana, Pietra Pecci, sabia disso, seus olhos azuis como as ondas do mar já estavam acostumados aos textos das sentenças que proferia nos tribunais, renomada juíza da suprema corte italiana afeita aos grandes julgamentos, parecia não acreditar no que estava preste acontecer em sua carreira de magistrada.
As lembranças afloravam da sua memória; a separação dos seus pais, da infância pobre, abandonada pelo pai foi internada no orfanato, Del Bacchi, das noites mal dormidas; do desespero que batia em sua porta; das incontidas lágrimas que molhavam seu adolescente rosto. Queria gritar para o mundo que estava ali a espera da felicidade, mas não conseguia articular uma só palavra, seu grito mudo se perdia no vazio das grossas paredes daquele inóspito ambiente, onde se encontrava reclusa desde os dez anos de idade.
Era uma linda manhã de primavera do ano de 1965, às flores adornavam os tapetes verdes da bela cidade de Florença, Bertani Adami, conceituado procurador do Ministério Público Italiano, cumpria sua missão rotineira de inspecionar os internatos da localidade. Para Pietra à história iria mudar o seu curso, a vida jamais seria a mesma para ela.
Dentro do processo de avaliação do magistrado, estava prevista uma entrevista com cada adolescente interno e ao chegar a vez de Pietra Pecci, Bertani, logo percebeu que estava diante de alguém diferenciado. Seu rosto angelical, seus cabelos doirados caindo sobre os ombros, sua voz era doce e serena, o seu olhar tinha um brilho diferente que ele jamais tinha visto.
Afeito às emoções de sua profissão, Bertani Adami, nunca havia sentido um sentimento igual ao que experimentava ao se deparar com àquela jovem. Não tardou muito e ele entrou com um processo de adoção junto aos tribunais italianos.
Pietra, sempre sonhava com uma família, um lar, mas era quase impossível acreditar que o seu sonho estava se realizando. Estudou nos melhores colégios de Roma, concluiu o curso de direito onde se especializou, e logo cursou o mestrado, doutorado e pós-doutorado na área criminal. Ingressar na magistratura italiana foi apenas questão de tempo.
Às horas passavam rapidamente e ela estava prestes a tomar a decisão mais difícil de toda à sua trajetória profissional, presidir o julgamento de um dos mais importantes traficantes internacionais de drogas. O mesmo havia sido preso nos Estados Unidos pelo FBI (Federal Bureau of Investigation) e extraditado para Itália. As provas eram contundentes, ao longo das investigações não havia nem uma dúvida de que “SHEIK”, pseudônimo adotado pelo acusado era culpado e, portanto, seria condenado pela justiça italiana à pena máxima prevista no ordenamento jurídico italiano.
Anoiteceu rapidamente, a madrugada daquele dia 29 de setembro de 2005, encontrou Pietra, contemplando toda a beleza do firmamento, conversava com Deus e pedia que ele lhe desse discernimento e coragem para conduzir com equidade àquele julgamento.
O dia amanheceu com nuvens acinzentadas, uma profunda melancolia adornava o ambiente, já passava das 08h00, quando a Dra. Pietra Pecci, chegou a sede do Tribunal, como sempre fazia dirigiu-se a sua sala, certificou-se que toda às providências já haviam sido tomadas para o andamento dos trabalhos e se dirigiu para o plenário do fórum, o cenário estava pronto.
Havia um forte contingente policial e todos os seguimentos da imprensa se faziam presente no recinto para cobertura daquele que seria o mais importante julgamento do ano.
O réu devidamente escoltado foi trazido a sala de audiências e foi dado início ao rito do julgamento. O promotor de acusação apresentou a tese de culpabilidade do acusado concluindo com o pedido de condenação a pena máxima. A defensoria norteou sua defesa na contestação veemente das provas apresentadas pela promotoria e requereu à absolvição do seu constituinte.
A tarde já se despedia, ao longe podia se ver todo encanto do crepúsculo romano, já era noite quando a juíza começou a prolatar a sentença. O Sheik ficou frente a frente com a magistrada, seus olhares se encontraram ambos tinham o mesmo brilho azulado, seus semblantes tinham algo em comum, que poucos tinham percebido. Após a leitura a juíza condenou o réu, à prisão perpetua.
Acompanhada de seguranças a magistrada deixou o Tribunal rumando para o seu apartamento, localizado num condomínio luxuoso do bairro de Pinciano. Usava óculos escuro que escondiam às lágrimas que insistiam em rolar pelo seu rosto a fora. Haviam transcorridos 30 anos desde quando foi adotada, mas quis o destino que o passado do qual tinha jurado sepultar para sempre se materializasse naquele presente. Durante a fase de instrução do processo, Pietra Pecci, havia descoberto a verdadeira identidade do Sheik. Custou acreditar no que descobrira. Fez averiguações por conta própria, mas cada vez mais a verdade se tornava mais dura e evidente.
Finalmente chegou à sua residência, caminhou até a varanda do prédio onde residia e deixou-se cair na aconchegante poltrona de couro fino e então chorou copiosamente. O homem que acabará de condenar, era Chiarelli Pecci, seu pai biológico. No jogo da vida somos atletas anônimos escolhidos para uma disputa, que não tem tempo definido para terminar.
NOTA DO AUTOR: Esta é uma obra de pura ficção qualquer semelhança é mera coincidência. Autor: José Valdomiro Silva.
As lembranças afloravam da sua memória; a separação dos seus pais, da infância pobre, abandonada pelo pai foi internada no orfanato, Del Bacchi, das noites mal dormidas; do desespero que batia em sua porta; das incontidas lágrimas que molhavam seu adolescente rosto. Queria gritar para o mundo que estava ali a espera da felicidade, mas não conseguia articular uma só palavra, seu grito mudo se perdia no vazio das grossas paredes daquele inóspito ambiente, onde se encontrava reclusa desde os dez anos de idade.
Era uma linda manhã de primavera do ano de 1965, às flores adornavam os tapetes verdes da bela cidade de Florença, Bertani Adami, conceituado procurador do Ministério Público Italiano, cumpria sua missão rotineira de inspecionar os internatos da localidade. Para Pietra à história iria mudar o seu curso, a vida jamais seria a mesma para ela.
Dentro do processo de avaliação do magistrado, estava prevista uma entrevista com cada adolescente interno e ao chegar a vez de Pietra Pecci, Bertani, logo percebeu que estava diante de alguém diferenciado. Seu rosto angelical, seus cabelos doirados caindo sobre os ombros, sua voz era doce e serena, o seu olhar tinha um brilho diferente que ele jamais tinha visto.
Afeito às emoções de sua profissão, Bertani Adami, nunca havia sentido um sentimento igual ao que experimentava ao se deparar com àquela jovem. Não tardou muito e ele entrou com um processo de adoção junto aos tribunais italianos.
Pietra, sempre sonhava com uma família, um lar, mas era quase impossível acreditar que o seu sonho estava se realizando. Estudou nos melhores colégios de Roma, concluiu o curso de direito onde se especializou, e logo cursou o mestrado, doutorado e pós-doutorado na área criminal. Ingressar na magistratura italiana foi apenas questão de tempo.
Às horas passavam rapidamente e ela estava prestes a tomar a decisão mais difícil de toda à sua trajetória profissional, presidir o julgamento de um dos mais importantes traficantes internacionais de drogas. O mesmo havia sido preso nos Estados Unidos pelo FBI (Federal Bureau of Investigation) e extraditado para Itália. As provas eram contundentes, ao longo das investigações não havia nem uma dúvida de que “SHEIK”, pseudônimo adotado pelo acusado era culpado e, portanto, seria condenado pela justiça italiana à pena máxima prevista no ordenamento jurídico italiano.
Anoiteceu rapidamente, a madrugada daquele dia 29 de setembro de 2005, encontrou Pietra, contemplando toda a beleza do firmamento, conversava com Deus e pedia que ele lhe desse discernimento e coragem para conduzir com equidade àquele julgamento.
O dia amanheceu com nuvens acinzentadas, uma profunda melancolia adornava o ambiente, já passava das 08h00, quando a Dra. Pietra Pecci, chegou a sede do Tribunal, como sempre fazia dirigiu-se a sua sala, certificou-se que toda às providências já haviam sido tomadas para o andamento dos trabalhos e se dirigiu para o plenário do fórum, o cenário estava pronto.
Havia um forte contingente policial e todos os seguimentos da imprensa se faziam presente no recinto para cobertura daquele que seria o mais importante julgamento do ano.
O réu devidamente escoltado foi trazido a sala de audiências e foi dado início ao rito do julgamento. O promotor de acusação apresentou a tese de culpabilidade do acusado concluindo com o pedido de condenação a pena máxima. A defensoria norteou sua defesa na contestação veemente das provas apresentadas pela promotoria e requereu à absolvição do seu constituinte.
A tarde já se despedia, ao longe podia se ver todo encanto do crepúsculo romano, já era noite quando a juíza começou a prolatar a sentença. O Sheik ficou frente a frente com a magistrada, seus olhares se encontraram ambos tinham o mesmo brilho azulado, seus semblantes tinham algo em comum, que poucos tinham percebido. Após a leitura a juíza condenou o réu, à prisão perpetua.
Acompanhada de seguranças a magistrada deixou o Tribunal rumando para o seu apartamento, localizado num condomínio luxuoso do bairro de Pinciano. Usava óculos escuro que escondiam às lágrimas que insistiam em rolar pelo seu rosto a fora. Haviam transcorridos 30 anos desde quando foi adotada, mas quis o destino que o passado do qual tinha jurado sepultar para sempre se materializasse naquele presente. Durante a fase de instrução do processo, Pietra Pecci, havia descoberto a verdadeira identidade do Sheik. Custou acreditar no que descobrira. Fez averiguações por conta própria, mas cada vez mais a verdade se tornava mais dura e evidente.
Finalmente chegou à sua residência, caminhou até a varanda do prédio onde residia e deixou-se cair na aconchegante poltrona de couro fino e então chorou copiosamente. O homem que acabará de condenar, era Chiarelli Pecci, seu pai biológico. No jogo da vida somos atletas anônimos escolhidos para uma disputa, que não tem tempo definido para terminar.
NOTA DO AUTOR: Esta é uma obra de pura ficção qualquer semelhança é mera coincidência. Autor: José Valdomiro Silva.