Atchim!

Espirros incessantes eram o preludio de uma gripe. Não existe coisa mais chata do que uma gripe, aliás, existe: diarreia. Diarreia não é doença, no mínimo é um reflexo de alguma doença; nenhum médico emite atestado para esse contratempo. Este desconforto lhe impede praticamente de viver. O atingido por esse mal não consegue ficar deitado, não aguenta ficar em pé. Comer ou fazer jejum não importa, pois a quantidade de idas ao banheiro permanece a mesma. Mas, felizmente agora não era acometido por nenhum mal intestinal, somente um fungar do nariz.

Antes de chegar em casa passo na farmácia. A quantidade de medicamentos que prometem a cura da gripe é enorme. De todas as cores e formatos, várias substâncias... Escolhi um descongestionante, analgésico, antitérmico... Sem ler a bula comprei uma garrafa de água e já tomei o remédio.

Já no ônibus, lotado por sinal, lembrei-me de outra mazela que é pior do que gripe: dor de dente. Não é simplesmente uma dor suportável, pelo contrário, a dor de dente é como se fora um estilhaçar da alma, que se inicia pela boca. As energias ficam esgotadas, desânimo, aflição... A soma de substantivos que lembram dor. E não há remédio do mundo que faça parar, a não ser a extração, literalmente o mal pela raiz.

No corredor do ônibus o vento circula pouco, por isso virei minha cabeça na direção da janela em busca de segundos de alivio. O problema que logo após a viagem começar, uma leve chuva começou a cair, o motivo pelo qual levou algumas pessoas se desesperarem e fecharam as janelas. “Meu Deus”, falei alto.

Nunca tive asma, porém, imagino que era próximo do que estava sentido naquele momento: o ar não chegava aos pulmões. Se a asma provocar toda aquela angustia e dor que senti, me comprometo a acender velas para pedi a melhora dos que sofrem dessa doença. Em casa pesquisei sobre a asma. Existe na internet uma vasta “literatura” sobre o assunto, mas palavras chaves me interessaram mais “pieira”, “alergénios”, “mórbida” e “dispneia”.

Depois de um banho quente, me deitei na cama e comecei a identificar os pontos no meu quarto que poderiam ser origem dos alergénios, eram tantas as possibilidades que quase surto. E durante toda aquela noite fui acometido por outra enfermidade: insônia. Talvez essa agrave todas as anteriores. A angústia de não dormir é destruidora dos anticorpos, não tenho dúvidas disso. A fora que os pensamentos no silêncio perturbador da madrugada soam num tom vindouro de infortúnios.

Tarcísio Oliveira

Tarcísio Oliveira
Enviado por Tarcísio Oliveira em 08/09/2016
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