GENTILEZA GERA GENTILEZA = EC


   Caia a tarde eTita estava preparando uma sopa para o jantar com os pais que chegariam do trabalho logo mais, quando, de repente, um rapaz com um revolver na mão entrou correndo:

   — Não se assuste, moça, estou fugindo da policia, deixe eu esconder aqui que não vou fazer-lhe nenhum mal.

   Era quase um garoto, não devia ser muito mais velho do que ela e parecia mais assustado do que perigoso.
  
   E Tita indicou-he um quartinho no fundo do quintal :

   — Você pode ficar lá esta noite.

  E, antes que ela pudesse dizer mais qualquer coisa ele desapareceu no quintal.

   Tita continuou seu trabalho, mas não conseguia esquecer do bandido lá no fundo.

   Ele parecia tão desesperado. Que tristeza1 Parecia mais infeliz do que máu.

   Ele deve estar com fome, pensou ao terminar a panela de sopa fumegante, e sem pensar duas vezes encheu uma tigelinha de sopa, cortou uma farta fatia de pão e levou para ele.

   Ele aceitou e agradeceu:

   — Nem sei o que dizer. Você é uma boa menina. Que Deus lhe pague!

  Tita ficou comovida. O que levaria um jovem tão simpático enredar-se por esse caminho tão perigoso e triste? Teve vontade de conversar um pouco com ele, saber de suas necessidades, ajuda-lo se fosse possível, mas os seus pais chegariam logo e não podiam saber que ela tinha dado abrigo para um fugitivo da polícia.

   No dia seguinte, assim que os pais saíram, ela viu que ele ainda se encontrava no quartinho e ficou assustada.

   E se ele se recusasse a ir embora? Resolvesse assaltá-la? Será que fez bem em acolhê-lo? Será que devia avisar a polícia?
  
   Resolveu falar com ele:

   — Agora você precisa ir embora, pois se meus pais o encontrarem aqui o entregarão à polícia e eu vou levar a maior bronca de minha vida.

   Os dois riram e ela ofereceu-lhe ainda uma xicara de café.

   Despediram-se com um aperto de mão como se fossem dois amigos, afinal, “gentileza gera gentileza,” não é o que dizem?