O futuro à quem pertence?

A criança nasce.

Tempos depois as primaveras juntas somam sete.

“O que você quer ser quando crescer?”

Manicure, dentista, cantor, jogador de futebol, bombeiro, astronauta, porteiro, patinador de mercado, veterinário, ator, cabeleireiro, cantor, piloto, médico, professor, soldado, milionário.

Os anos passam e batem na porta os dezessete. A pergunta abstrata feita na infância começa a tomar forma, e leva consigo todas as interrogações possíveis.

A pressão vem de cá, de acolá. Na escola, em casa, na roda de amigos, na fila da vacina.

“Vai prestar o que?”

A interrogação bate no fundo do peito e arranca, como um curativo puxado dos pêlos do braço, um “não sei”.

Resposta simples, indecisa, sufocante. A busca incessante por algo que a substitua parece nunca terminar.

“Oras, faça algo que você goste.”

Algo que goste de nascença ou aprenda a gostar?

E o dinheiro? As férias? A estabilidade? O pão nosso de cada dia? Das 8h às 18h?

O mercado está escasso, é a crise… É a crise.

“Escolha algo que lhe sustente!”

O medo de sustentar apenas o bolso ou apenas a alma paira sob a cabeça. Poucos são aqueles que conseguem fazer com que esses dois se casem.

Gostar do que faz, fazer o que gosta. Um a gente aprende, o outro a gente sente.

É melhor usar amor e ofício na mesma frase ou pular algumas linhas?

Giulia Loverra