O BEIJA-FLOR
 
É preciso sempre fazer tudo o possível para salvar uma vida, mesmo que esta pareça aos nossos olhos insignificante. Não estou falando de seres humanos, quanto a vida humana penso que não há o que discutir, estou falando dos animais ditos irracionais que estão a todo momento dando lição de vida aos racionais.
     
Cabe a nós adultos ensinar as crianças a amá-los, se não puder amar tem que aprender a respeitá-los, pois ninguém é obrigado a gostar, mas respeitar é um dever de todos.
     
Num sábado de manhã eu estava numa área coberta da minha casa que serve também de garagem e notei que havia um beija-flor que não estava conseguindo sair, voava muito próximo ao telhado, eu abri o portão grande que é de tela para facilitar, mas o mesmo não saia, não vinha para baixo, continuava próximo ao telhado voando em círculo e parando para descansar na triliça de ferro que sustenta o telhado.
     
Eu chamei minha esposa e nós tentamos de toda forma possível ajuda-lo mas sem sucesso, notamos que ele já estava muito cansado e que não ia conseguir sair e pior que nós não tínhamos mais o que fazer. Pensamos vamos deixa-lo quieto talvez depois que descansar ele consiga, ela foi para dentro e eu fiquei ali mexendo em alguma coisa, não falamos para nosso filho que na época tinha dez anos porque ele ficaria triste, pois felizmente ele tem bons sentimentos e não suporta ver um animal sofrendo.
     
Num dado momento o beija-flor caiu direto ao chão, estava inerte, como morto, na hora tive uma ideia, chamei minha esposa e meu filho e disse a ela faça rápido uma água com açúcar bem doce.
     
Ela rapidamente preparou numa xícara e deu ao meu filho que a trouxe para o quintal, eu segurando o beija-flor com a mão fechada coloquei seu biquinho na água, via–se sua língua como uma linha fininha sugando-a logo vi que ele abriu o olhinho, mais um pouco ele se mexeu, aí eu abri a mão e ele saiu voando e cantando e foi embora.
     
Foi uma alegria imensa, ficamos os três rindo felizes de ver que ele recuperou sua força com a água doce e partiu, estava salvo.
    
Foi um gesto simples que não nos custou nada e que fez toda a diferença, pois se eu não tivesse o visto cair ou não ligasse ele teria morrido, eu o jogaria numa sacola de lixo e esqueceria pronto, mas não é assim é nosso dever como seres pensantes procurar meios de ajudar aqueles que não podem pensar a seu favor que agem somente por instinto.

     
Foi gratificante saber que salvamos uma vida e ficou a lição para meu filho que tenho certeza que pode passar muito tempo ele ainda se lembrará do dia que com dez anos ele ajudou a salvar a vida de um beija-flor.
João Batista Stabile
Enviado por João Batista Stabile em 19/08/2016
Reeditado em 26/11/2020
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