CARMITA

Carmita era uma mulata muito bonita. A sua genética permitiu-lhe ter um corpo escultural. A estatura de um metro e setenta chamava a atenção de todos os homens. Os cabelos negros, lisos e volumosos soltos ao vento exalavam um cheiro de perfume suave. Apesar destes atributos, Carmita não gostava que lhe chamassem de negra. Qualquer adjetivo que denotasse a tez escura tirava a morena do sério. Na escola todo mundo já sabia disto, e para não desagradá-la ninguém sequer mencionava a palavra escura ou negro. Ela se vestia com roupas coloridas e brancas e que não faziam nenhuma referência a cor escura. Durante muito tempo os seus pais recriminavam a repulsa que ela tinha de sua própria matiz. Aos seis anos Carmita tentou "limpar" a pele para que a branca surgisse aos olhos dos outros. Mas conseguiu apenas "clarear" as palmas das mãos. Pura ingenuidade. Aos 10 anos ela foi chamada de morena por uma colega de escola. Este fato provocou uma briga entre as duas estudantes. As brigonas foram suspensas das aulas por alguns dias. Mas depois fizeram as pazes. As amizades de Carmita eram escolhidas a dedo em sua adolescência. As meninas brancas e feias acompanhavam a morena por todos os lugares. Elas sabiam que a beleza da mulata atraia a atenção da platéia masculina. Carmita, por sua vez, se aproveitava e selecionava aqueles "fãs" mais bonitos. No ensino médio houve um concurso da mais bela estudante. Na escola as admiradoras de Carmita torciam por sua vitória. A mulata fez a incrição e acrescentou na ficha a palavra "pele clara". Ao final do certame ela não foi escolhida como a mais bela, mas não por falta de beleza, e sim por causa de sua antipatia e arrogância. Aos 18 anos Carmita fez inscrição para o Enem, e conseguiu a aprovação na primeira tentativa. Todos perguntaram como foi a sua preparação para uma prova tão difícil. A morena falou alto e em tom autoritário: - O meu cérebro branco me permitiu superar todas as negras burras que concorreram comigo. Eu sou a melhor de todas. No entanto após uma ligeira investigação descobriu-se que Carmita recorreu aos sistema de cotas para inscrever-se no Enem. Este recurso ela usou secretamente, mas foi desmascarada por sua própria mãe que tinha o maior orgulho de ser negra. Ela, envergonhada, passou a partir deste momento a assumir a sua tez tão bonita. A maturidade também ajudou a mudar o seu comportamento e hoje ela mantém um penteado rastafari maravilhoso que a deixou mais bela e sensual.

Levi Oliveira
Enviado por Levi Oliveira em 15/08/2016
Código do texto: T5729691
Classificação de conteúdo: seguro