A mulher que eu amo

Era uma boca pequena e um olhar indecente que me fazia falar, e lá ia eu a falar as maiores bobagens da minha futura bibliografia, as frases que com certeza, se eu chegasse a ser John Lennon ou alguém igualmente importante, ela ia fazer questão de contar para o mundo, só para me ridicularizar.

Sempre quis saber o por quê parecemos tão patético e simplórios diante daquele que amamos, pois justamente, quando estava com ela é que nem parecia o quão importante eu era no um meio, ou quantos títulos e cargos adquiri honradamente em minha vida.

Nem importava o fato de eu trabalhar incansavelmente todos os dias, para lhe comprar os mimos mais ridículos nos tons de cor de rosa mais piegas que eu já vi (que por sinal nem sabia que existiam), nem importava o fato de que se eu não assistisse o futebol com certeza não teria o que conversar com pentelho do meu chefe no dia seguinte.Aliás depois de meses de relacionamento descobri que as minhas necessidades eram as que menos importavam e o pior é que essa afirmação não se referia somente a ela, mas também a mim, depois de conhecê-la.

Quando ela estava comigo eu virava humano de uma hora para outro, humano patético e submisso àqueles pequenos pés, aquelas mãos delicadas, aquele cabelo ruivo.

Ah.... aquele cabelo ruivo... Que cabelo mais lindo !!!! Até quando estava no chão contrastando com o branco do azulejo do banheiro ele era lindo.O mais incrível é que até a minha obsessão por limpeza ia embora, nem ligava para a bagunça que havia virado a minha casa, nem ligava para o fato de ter que me dividir em mil, de deixar de ser egoísta, de comer no Mc Donnald (aliás eu odeio comer no Mc Donnald !!!!!).

Tudo por causa daquele olhar indecente!!!!!Daquele ser egoísta, mimado e manipulador.Daquele serzinho pequeno por quem ousei me apaixonar e que só para piorar as coisas agora aprendeu a me chamar de papai !!!!!!

Kátia Moraes
Enviado por Kátia Moraes em 20/07/2007
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