O INVASOR

Todos estavam reunidos em volta da mesa. Aos poucos chegavam mais e mais convidados. A mesa forrada com uma toália vermelha fazia alusão ao tema da noite: O Natal. Os alimentos eram típicos da festa natalina. A família se reunia anualmente para a confraternização tão esperada. Os primos, tios, cunhados e até grandes empresários conhecidos do anfitrião estavam na festa. As iguarias mais deliciosas, os petiscos mais caros, lagosta e caviar faziem parte do menu daquela celebração. A casa possuia muitos cômodos e situava-se à beira-mar. A programação da festa consistia em almoço, sobremesa e depois o mergulho nas águas da praia do Marinheiro. Aquela era uma praia particular onde tinham os frequentadores mais aquinhoados da região. Fernando, o anfitrião, observava a todos. Ele organizou as mesas, as cadeiras, e o serviço de buffet. Tudo perfeito. Mas não contava com uma visita inesperada. Um homem estranho apareceu diante da casa luxuosa. Os convidados sentiram um arrepio muito grande. O homem estava de pé e olhava todo o ambiente. A aparência daquele estranho chamava a atenção dos glutões. O invasor estava todo molhado com um chapéu torto e com uma garrafa de cachaça embaixo do braço. No canto da boca um cigarro "nadava" de um lado para o outro. O público presente tinha um olhar preconceituoso e desdenhoso. As roupas esfarrapadas e encardidas causavam uma certa repulsa aos convidados daquela festa. Uns não admitiam a presença daquele invasor. Aquele momento era único e não poderia ser interrompido por um maltrapilho. Uma senhora gorda chegou a esconder uma coxa de peru embaixo da saia. Um dos convidados que falava sobre a compra de grandes mansões e carros importados parou a conversa e ameaçou expulsar o invasor. Ele disse: - Como é que pode uma pessoa invadir a nossa festa. Aqui não vou permitir que ele tome o meu uísque 12 anos. O olhar frio e insistente do invasor incomodava os convidados. Aquele olhar era um misto de reprovação e condenação a todo aquele desperdício de comida. Uma moça sugeriu que chamassem a polícia. Outro convidado encarregou-se de chamar o anfitrião para "extirpar" aquele corpo estranho. Então chamaram dois enormes seguranças contratados para garantir a ordem. Um deles deu um soco no invasor. O espancamento cessou quando o anfitrião da festa disse: - Parem com este espancamento. Este è meu tio rico que vai deixar uma fortuna para mim. O invasor refletiu: - Por isto amo os animais irracionais. Os humanos são falsos e preconceituosos.

Levi Oliveira
Enviado por Levi Oliveira em 09/08/2016
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