INÚTIL SABEDORIA
Era uma vez um monge que passara a maior parte da sua vida estudando em um mosteiro. Aprendeu tudo sobre astronomia, matemática, geologia, física, botânica, química e muitos outros assuntos. Com isso tornou-se um respeitado intelectual, além de um grande filósofo. Seu nome era citado em livros e em conferências de altas autoridades.
Um dia ele resolveu deixar o mosteiro onde vivia e se dedicar a ensinar tudo que aprender ás pessoas mais simples. Conhecimento que não se aplica, dizia o seu mestre, é sabedoria inútil. Mais que isso, é puro pedantismo. E ele queria mudar o mundo com a sua sabedoria. Queria que as pessoas mais simples apreendessem aquela sabedoria que estava reservada só a uns poucos escolhidos.
Em sua viagem para o local onde pensava fundar a sua escola, ele precisou atravessar um rio caudaloso. O rio largo era largo e profundo. O barqueiro que o levava para o outro lado era um sujeito forte, mas muito bronco. Falava tudo errado e praguejava que nem um bárbaro. O monge resolveu passar para ele um pouco da sua sabedoria. Mostrou como ele poderia calcular a largura do rio pelo número de remadas que ele dava; a saber as horas do dia pelo movimento do sol; como ele poderia se cansar menos na travessia do rio aproveitando a correnteza; como ele poderia se tornar mais simpático com as pessoas usando melhor a sua linguagem e por aí afora.
̶ Tudo isso é besteira ̶ resmungou o barqueiro. ̶ De que me serve isso aqui? ̶ disse ele, soltando uma cusparada no rio.
Vendo que o barqueiro não dava a menor importância para a sua aula, mas ficava simplesmente remando e resmungando, o monge calou-se. Não antes de xingar o barqueiro e dizer que ele era um ignorante que desperdiçara a vida inteira vivendo daquela forma bárbara, sem aprender nada na vida.
Estavam bem no meio do rio quando uma grande tora de madeira chocou-se contra o barco e ele virou. Os dois caíram na água. O barqueiro começou imediatamente a nadar para a margem mais próxima. O monge, por seu turno, começou a gritar e se debater.
– Nade para a margem– gritou o barqueiro.
– Eu não sei nadar – respondeu o monge.
– Que pena – respondeu o barqueiro. – Parece que quem desperdiçou a vida inteira aprendendo coisas inúteis foi o senhor.
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Era uma vez um monge que passara a maior parte da sua vida estudando em um mosteiro. Aprendeu tudo sobre astronomia, matemática, geologia, física, botânica, química e muitos outros assuntos. Com isso tornou-se um respeitado intelectual, além de um grande filósofo. Seu nome era citado em livros e em conferências de altas autoridades.
Um dia ele resolveu deixar o mosteiro onde vivia e se dedicar a ensinar tudo que aprender ás pessoas mais simples. Conhecimento que não se aplica, dizia o seu mestre, é sabedoria inútil. Mais que isso, é puro pedantismo. E ele queria mudar o mundo com a sua sabedoria. Queria que as pessoas mais simples apreendessem aquela sabedoria que estava reservada só a uns poucos escolhidos.
Em sua viagem para o local onde pensava fundar a sua escola, ele precisou atravessar um rio caudaloso. O rio largo era largo e profundo. O barqueiro que o levava para o outro lado era um sujeito forte, mas muito bronco. Falava tudo errado e praguejava que nem um bárbaro. O monge resolveu passar para ele um pouco da sua sabedoria. Mostrou como ele poderia calcular a largura do rio pelo número de remadas que ele dava; a saber as horas do dia pelo movimento do sol; como ele poderia se cansar menos na travessia do rio aproveitando a correnteza; como ele poderia se tornar mais simpático com as pessoas usando melhor a sua linguagem e por aí afora.
̶ Tudo isso é besteira ̶ resmungou o barqueiro. ̶ De que me serve isso aqui? ̶ disse ele, soltando uma cusparada no rio.
Vendo que o barqueiro não dava a menor importância para a sua aula, mas ficava simplesmente remando e resmungando, o monge calou-se. Não antes de xingar o barqueiro e dizer que ele era um ignorante que desperdiçara a vida inteira vivendo daquela forma bárbara, sem aprender nada na vida.
Estavam bem no meio do rio quando uma grande tora de madeira chocou-se contra o barco e ele virou. Os dois caíram na água. O barqueiro começou imediatamente a nadar para a margem mais próxima. O monge, por seu turno, começou a gritar e se debater.
– Nade para a margem– gritou o barqueiro.
– Eu não sei nadar – respondeu o monge.
– Que pena – respondeu o barqueiro. – Parece que quem desperdiçou a vida inteira aprendendo coisas inúteis foi o senhor.
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