De um dia de Calor
Bem era pra eu começar isso assim: era uma vez...; isso começou assim...; estou escrevendo por que...; Mas prefiro dizer o que vou contar não é só mais uma história típica de um típico autor que nasceu "lá num sei adonde", a originalidade é necessária. Não vá pensando que esse é um conto picante só por causa do título, o calor é denotativamente iminente.
Estava lá o nosso personagem num apartamento do tamanho de uma ervilha, mas da textura de uma noz (que particularmente adoro), quase que desesperadamente se abanando naquele domingo infernal: os filhos foram para a praia com a sua ex-mulher, e a sua atual mulher (a terceira) saiu para fazer o supermercado e faz seis horas que não voltou enquanto a primeira liga pra ele pedindo a pensão.
Ele se separou da primeira vez por causa de brigas: teve um filho Genildo; da segunda por besteira: não agüentava a sogra. E agora com a guarda de dois filhos do segundo casamento (Clara e Naldo) todos novos, de respectivamente seis, sete e oito anos, prossegue frustrado com a tão sofrida dúvida dos livros de M. de Assis: “Calor é a pior coisa do mundo”