A valsa de Outono

Era uma noite de Outono, pessoas andavam pelas calçadas ainda molhadas pelo chuvisco fino da estação, o vento soprava e algumas folhas voavam sem rumo. Uma delas parou perto de uma moça de casaco vermelho sentada no banco envelhecido da antiga Praça da Rosa. A moça sentiu o leve toque da folha e não importa para onde outrora olhara sua atenção agora era para aquela folha que lhe tocara suavemente a pele sem permissão, e que agora afastava-se aos poucos dançando levemente pelo ar. De repente, o barulho do vento e a leveza da folha seca valsavam, os pequenos pingos de chuvisco marcavam o compasso.

Sem muito tardar, outras folhas juntavam-se à dança, flutuavam e não tinham medo de serem conduzidas pelo vento, elas simplesmente existiam... Aos poucos o vento mudava de direção, e as folhas iam com ele, os pingos cessavam lentamente, a moça apenas acompanhava a partida das folhas com um sorriso tímido nos lábios... Pensava que talvez um dia pudesse ter a coragem daquelas folhas, deixar que a vida a conduzisse, e se tivesse sorte, talvez ela aprendesse a valsar.