Aí é quitandas...
Uma das aspirações das jovens donas de casa brumadenses dos anos cinquenta era ter seu forninho de tijolos para assar quitandas. Eu não me lembro da ereção do de nossa casa, já fui crescendo com ele lá num dos cantos da coberta aberta que tinha como inquilina central e original, a cisterna e sua caixa, bem quadradinha de seus oitenta centímetros de altura para cobrir quatorze metros de preciosa profundidade.
A coberta parecia grande, mas isso só na visão infantil. Mas, entre quatro pilastras e bem arejada, acomodava aquelas duas improváveis companhias. O forninho era rústico em seu formato e acabamento - diferentemente do de vovó Inhana que não só barreara e caiara o seu - mas respondia bem quando era acionado.
Que beleza era sentir, nas preliminares de sua atuação, o cheiro do alecrim que se queimava em suas brasas, e o desassombro da maria-preta que as espalhava.
E ali, já sob o sol, a massa das roscas crescia, louca pra mostrar o seu valor diante daquele infornal calor. Os tarecos e os biscoitos eram mais modestos nas suas manifestações pre-assatórias, mas enfrentavam com galhardia aquele bafor que ardia.
Nas suas movimentações confeiteiras, mamãe nos mantinha a distância prudente daquele arremedo de inferno - ou inforno? Mas mal podíamos esperar que as bandejas esfriassem e o sinal de ataque, moderado, nos dessem.
Ser um dia padeiro, confeiteiro, que sonho. Mas se mão no fogo não ponho...