Folhas de Outono
Nostálgica estação do ano, com as tardes de temperatura amena, a brisa que vem do mar, já soprando com maior intensidade. Caminhando no longo jardim, perdida, em meus pensamentos detenho-me por instantes, apreciando as folhas que se soltam ao sabor do vento. Minha atenção, nesse momento é voltada para uma, que está praticamente, só, em seu galho, as demais já haviam caído. Fico intrigada ela, balança, balança, e não cai. Num impulso me aproximo e chacoalho o galho. Quero que ela se desprenda vou levá-la comigo, só, que para minha surpresa, meu esforço de nada adiantou, a folha não caiu. Nova tentativa sem resultado, satisfatório, sento-me na grama e penso ficarei esperando, quase todas caíram e ela permanece, ali, terá que soltar-se, aguardarei!
Quando percebo o sol já se foi, a noite já está se fazendo presente, levanto-me e começo afastar-me do local. Nisso parei e olhei para trás, foi nesse momento que vi a folha desprender-se, não tive dúvidas voltei e a recolhi do chão. Segurando-a entre minhas mãos, lembrei-me nesse momento a importância real da existência de cada ser. O tempo certo que temos que esperar para amadurecer. De nada adianta precipitarmos os fatos. Eu mesma estive, forçando, uma situação, balançando o galho da árvore e, a despeito disso ela se manteve no, entanto, quando pensei que não fosse cair, a folhinha soltou-se descendo, como que bailando feliz! Satisfeita, por ter expirado seu tempo de permanência, ali dependurada. Ficou firme no galho enquanto o sol estava presente, parecia querer lá se manter, tal, sentinela, prestando guarda ao astro-rei. Foi somente no momento que ele deixou de brilhar, desceu, na linha do horizonte que a folha, num último suspiro libertou-se. Quisera eu poder chegar ao final da minha jornada, dessa mesma forma!
Consciente, feliz por saber que meu tempo terminara, partiria, com a certeza de ter cumprido, minha missão nesse planeta. Olharia pela última vez o sol e agradeceria, por todos os dias que, iluminou, a minha vida por tudo o que representou, contribuiu, para minha existência sadia.
Enfim...morreria feliz...
Nadir A. D’Onofrio
14/04/2005
Santos/SP
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