A BALEIA DEVORADORA

- Não. Devo ou não devo?. O médico pediu para não comer coisas doces, faz mal, é um veneno, e a dieta?. Estas foram as primeiras palavras de Ana Roa diante da vitrine de doces, bolos e pudins. Naquela vitrine estavam todas as gulouseimas mais desejadas da cidade. O desejo da professora era quase incontrolável. Embora relutasse bastante, ela não desviava a atenção daquelas delícias. Nas festas o prato mais consumido pela professora era aquela torta com glacê bem branquinho. Desde criança ela devorava tudo o que via pela frente. Mas a fase adulta chegou acompanhada com um diagnóstico de diabetes. Foi uma péssima notícia. A partir de então, o cardápio de Ana Roa era composto por muita cor verde, pão integral e carne branca. Aquilo não era comida, e sim uma verdadeira ração sem gosto. Por isto na hora das refeições nada trazia prazer algum para a professora. Aquele momento diante da vitrine, Ana Roa sentia-se uma criança em um parque de diversões. Às vezes, Ana Roa escondia uma barra de chocolate na gaveta do birô em sua sala de aula. Ela comia aquela delícia sorrateiramente. Os seus alunos traziam presentes para a professora querida todos os dias. Às terças, eles traziam tortas doces, às quintas, doces e pastéis recheados de queijo e presunto. Mas o médico sentenciou: - A senhora vai seguir agora uma dieta rigorosa, se não quiser morrer de diabetes. A professora ficou triste, e a princípio não aceitou aquelas recomendações. Os cento e quinze quilos não representavam grande coisa para ela. Certa dia Ana Roa ficou entalada na borboleta do ônibus. Aquele espaço não comportava o diâmetro de seu corpo. Aquele fato configurou-se em um grande constrangimento. Os seus alunos presenciaram a cena que envergonhou a professora. Então ela tomou uma decisão: Ela se matricularia em uma academia de ginástica. Nos primeiros meses, a professora teve dificuldades nos exercícios mais leves, e cansava-se frequentemente e chegou a perder dois quilos. Após a academia, a professora corria para casa e deliciava-se com uma torta de morango inteira. A obesidade de Ana Roa também afastava os seus pretendentes, e a solidão era a sua companheira. Certa manhã, um circo instalou-se na cidade. A nossa personagem foi assistir algumas sessões e encantou-se com os esperáculos. A sua frequência chamou a atenção do dono do circo. Ele enxergou naquela mulher uma ótima oportunidade de ganhar dinheiro. Ela foi convidada para trabalhar no circo "Tomara que não chova". Ana Roa fez um enorme sucesso. Ela agora usa um pseudônimo, pois tornou-se uma artista consagrada. A professora foi "batizada" de Baleia Devoradora de tortas. Ana Roa devora cinco tortas grandes de uma só vez. Agora ela não precisa mais fazer dietas para emagrecer. Pelo contrário: Quanto mais gordura, mais sucesso em sua recheada vida.

Levi Oliveira
Enviado por Levi Oliveira em 13/06/2016
Código do texto: T5666527
Classificação de conteúdo: seguro