Tirando a sorte grande
Era um motel de beira de estrada sujo. O Jonas tinha pegado uma garota de programa para entrar com ele de fachada na frente, enquanto o Maleita ficaria escondido dentro do porta malas. “Ei, ninguém me falou que ia ser a três. Para mim não tem problema, mas eu cobro o dobro.” “Olha só......a gente paga......mas não vai ter sexo aqui. Só senta na cama e espera tudo acontecer que a gente já vai embora.” O Jonas falava enquanto o Maleita tentava desviar o olhar de Sheila. Ela era bonita e sexy, e ele não estava acostumado com isso. “Como assim?” Ela tinha a pose das Stellas em Detroit Rock City. “A gente precisa fazer um trampo........vender umas parada........os caras vão vir buscar aqui. Para você não muda nada.......até vai receber sem trabalhar.” A presença feminina num quarto de motel incomodava os dois amebas, na verdade. “Não quero participar de nada. Me deixem ir embora.” “Não dá.........você, tipo............podia contar para alguém.” Assim era o raciocínio simples de uma ameba. “Entendi. Mas eu quero receber três vezes mais que o combinado então.” Assim era o raciocínio simples de uma empreendedora. “Tudo bem.”
Ainda restava algum tempo antes dos clientes chegarem. Porque as mães do Jonas e do Maleita eram do tipo ditadura da moral judaico-cristão, nenhum deles conseguia estar na companhia de uma mulher sem se sentir como William Miller, de Quase Famosos, junto com a Penny Lane. “Você não precisa participar.......sabe...........se quiser pode ficar escondida no banheiro.” O Maleita queria ser gentil. “Já participei de coisa muito pior, meu bem. Hahahahaha.” “Haha......é......mas é que a gente nunca sabe o que vai acontecer. De repente os caras resolvem encrespar e.........” “Sei bem como é o a gente nunca sabe o que vai acontecer. Olha só o que estou fazendo num motel. Ahahahah.” A Sheila estava tão a vontade com a situação quanto um peixe dentro da água. “Assim.......com todo respeito.......você........sabe.......nunca pensou em fazer outra coisa da vida?” Agora era o Jonas que queria fazer amizade. “Olha só quem esta me julgando? E você? Com todo o respeito.......já pensou?” “Mas........é diferente........” “O que é diferente? Nós três estamos fodidos aqui.” “Mas pelo menos eu não vendo o corpo.........nossa......desculpa......eu não......” O impulso judaico-cristão do Maleita fez ele se sentir como a Angela Hayes, de Beleza Americana, quando ela conta pra o Lester que é virgem. “Pelo menos eu vendo o que é meu. É meu direito. E você? O que tá vendendo aqui?” Num sinal claro de que a conversa estava encerrada Sheila foi para o banheiro, que não tinha porta. “Eu vou cagar, então, por favor, não venham aqui. Para cagar em cima eu cobro mais.” Foi estranho para os dois escutarem uma mulher falar cagar, mas eles estavam se borrando de medo dela por causa do tom duro com que ela falou.
Com o ambiente pesado, e a Sheila no banheiro, o tempo parecia que não passava. “Eles já tinham que estar aqui.” Na cabeça do Maleita era questão de tempo para a polícia entrar no quarto estourando tudo. Quando os carcamanos bateram na porta ele quase teve um ataque cardíaco. Eram três caras: um velho desarmado e dois grandões ostentando armas na cintura e nas mãos. “Vocês estão sozinhos aqui?” O capo falava e os leões de chácara encaravam. Era como o Cara de Tijolo em Snatch. “Não. Tem uma amiga nossa no banheiro. Mas ela esta fazendo cocô mesmo.” O futuro dono da mercadoria olhou de canto de olho para o jamanta da esquerda, que levantou a mão com a arma até a altura do ombro, encarou os amebas, e entrou no banheiro. Parecia com o John McClane em Duro de Matar I. “Ei! Não posso nem cagar em paz?” A Sheila escutava tudo sentada na privada como fica alguém que esta usando o trono, e já tinha decidido só sair de lá a hora que tudo estivesse resolvido. O capanga fez cara de poucos amigos, um sinal de positivo com a cabeça para o chefe, e voltou para o seu lugar de poste ao lado do big dog. “Ok. Cadê a mercadoria?” O Jonas pegou a mochila que estava no sofá e colocou em cima da cama. O velho abriu, viu o que tinha dentro, e olhou para o capanga da direita, que saiu e rapidamente voltou com uma maleta. “Tá aqui o pagamento. Não gastem tudo em chocolate.”
Depois que os gangsteres saíram nenhum dos dois sabia direito o que fazer. “Vamos esperar um pouco antes de ir para não levantar suspeitas.” Sugeriu o Jonas. “Vamos embora daqui logo!” Protestou o Maleita. Sheila saiu do banheiro e abriu a maleta que estava na cama enquanto os dois discutiam. Quando eles escutaram o tric tric das travas olharam para ela sincronizados como os dançarinos de Chicago. “Meu Deus! É muito dinheiro! Parabéns rapazes! Vamos comemorar!” Sheila falou isso já deitando nos lençóis de seda da cama redonda e deslizando a mão pelo corpo. O desespero de ver uma mulher pelada deixou os dois amebas travados sem piscar. Sheila riu, abriu o frigobar, pegou três garrafinhas de whiskey, deu uma para cada idiota, e brindou. “Vocês vão pagar, então vamos nos divertir.” Ela virou a garrafinha que estava em sua mão e começou a tirar a roupa. Os dois repetiram o gesto e, tremendo como vara verde, foram brincar.
Com a ajuda de uma profissional do sexo eles descobriram um mundo novo. Estica dali, chupa de lá, dobra pra cá, gira, torce, fode de pé, fode deitado, fode lado. A cada novidade uma garrafinha de alguma coisa ia goela abaixo. Vodka, vinho, cerveja, e a galadeirinha do quarto tinha mais bebida do que festa de formatura. Sheila foi deslumbrante, se superou. Cada um gozou três vezes sem nem saber de que lado estava a boceta. No fim eles gemiam mais que ela. A mistura álcool + sexo animal levou os dois direto para o paraíso do sono dos campeões. Jonas começou a roncar como um trator com defeito em menos de cinco minutos. O Maleita não precisou de tanto, depois da última gozada apagou sem nem se preocupar em tirar o pau de dentro da onde ele estava. Sheila ainda tomou um banho quente antes de pegar a maleta com o dinheiro e sair.