O Ciclo

João, apesar de tudo, sabia que a sua mãe era o seu porto seguro, já que o seu pai nunca lhe dera nenhuma felicidade, nenhum gesto de carinho. João cresceu sendo alvo, brincadeiras de mau gosto e torturas psicológicas causadas pelo seu pai, sendo discriminado a todo tempo, mas João sabia que poderia mudar aquele ciclo.

Digo ciclo, pois tanto seu pai como sua mãe passaram por situações assim. Situações, em que é preciso paciência e controle, pois sem nenhuma dessas bases você pode cair num precipício para nunca mais voltar.

Foi o caso da mãe e do pai de João, tanto um quanto o outro tiveram a infância destruída, a mãe de João conheceu o seu marido e logo depois de um tempo já estaria grávida. Pobre mãe de João, mal sabia ela que estaria a viver uma vida triste e amarga.

A não ser pelo fato do nascimento de João, que quase não nasceu por escolhas, a escolha de criar ou não, a escolha de vida ou morte, se iria viver em um mundo normalmente anormal ou em outro desconhecido e imemorável. Mas por sorte e peso na consciência, a mãe de João optou em deixa-lo viver.

Porém, parecia que o destino simplesmente não tinha olhado para João, pois nasceu prematuro, com apenas 6 meses, já se tinha pressa, ainda precisou de cuidados.

O pai de João teve uma vida bem difícil, o pai era um alcoólico e que sempre o batia por tentar ajudar sua mãe, que sofria agressões quase diárias, infelizmente o pai de João trilhou mais ou menos o mesmo caminho que seu pai, não conseguiu quebrar o ciclo.

O pai de João conheceu sua esposa, mas não era capaz de ama-la, nunca sentiu o amor, nem pela sua mãe que tanto protegeu, e morreu, por teimosia de viver com um homem que não a amava. João foi crescendo em meio em traumas, mas por incrível que pareça, João era concentrado, gostava de estudar, queria uma vida melhor, liberdade, paz, que esse maldito ciclo acabasse, que não existisse mais um ciclo rancoroso, cheio de mal e desperdício vital.

Em meio aos obstáculos que surgiam ao seu redor, ele se mantinha focado, sabia o seu resultado, sabia que poderia acabar com aquele mal. Que poderia ajudar a sua mãe, ou talvez o seu pai, que tanto o odiava desde o dia que soube da sua existência.

Foi quando soube que seu pai o abandonara, fugira com outra mulher, João não se sentiu triste, pelo contrário, se sentiu um pouco mais aliviado para seguir a sua jornada.

Graças ao seu merecimento e esforço, João conseguiu uma vida melhor, conseguiu ajudar sua mãe, que se tornou depressiva por um tempo, mas conseguiu voltar a vida.

Ali seria a primeira vez que algo, ou talvez até o destino estivesse sorrindo para ele, prestasse atenção na sua existência, como se o fato dele sobreviver a todas as tentações de "não quebra" de ciclo , naquele momento, estivesse valendo pontos, primeira vez em que se sentiu feliz.

O Mal do Século (NS)
Enviado por O Mal do Século (NS) em 09/06/2016
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