Pressa, amiga da imperfeição!
O meu presente escrito deveu-se a inspiração que tive ao enfrentar um caso fático no dia 31/05/2016 – Terça-feira, na qual precisei deslocar-me para buscar medicamento de alto custo em uma das unidades do Sistema Único de Saúde (SUS).
Definitivamente, o comedimento e a tranquilidade com que são executadas nossas ações, mesmo que corriqueiras, dão o mote para que sejam (ou não...) realizadas de acordo como nossas expectativas!
Atos muito comuns, tais como o caminhar até uma parada de coletivos ou ultrapassar uma catraca para acessar um posterior embarque em uma composição da rede metroviária podem ocasionar transtornos àqueles que as realizam!
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Sr. Lupércio, desde a tenra idade, sofria de distimia, em um grau bastante acentuado. Apesar deste mal, do qual tinha pleno conhecimento que detinha e tentava a todo custo combater, buscando ser cordial, prestativo, gentil, extremamente educado, atencioso e tudo o mais que fazia com ostentasse a definição de enquadrado no rol das Pessoas do bem!
Porém, em ocasiões que estava, por exemplo, solicitando uma informação e seu interlocutor ‘metia os pés pelas mãos’ enrolando-se um pouco na elucidação de sua dúvida, não hesitava em agradecer rispidamente, virar as costas e se retirar denotando descontentamento!
Usuário contumaz dos transportes coletivos, logo que alcançou a idade compatível para usufruir da gratuidade de uso, providenciou junto aos órgãos públicos as competentes autorizações para fazê-lo.
Para, por exemplo, utilizar os préstimos do metrô e do trem sem necessidade de solicitar os préstimos dos funcionários dos funcionários designados para efetuar a competente liberação das catracas para aqueles que não possuem o cartão liberatório para devido ingresso. Aliás, o distêmico senhor primava pelo prazer que sentia em facilitar o trabalho daqueles que o sucederiam na sequência e ou realização de um trabalho.
Deparou-se, em várias estações pelas quais transitou, com ‘liberadores’ de catracas através do uso dos tickets adquiridos nas bilheterias, dos adquiridos antecipadamente e dos cartões especiais (como no caso dos idosos...), que por qualquer razão encontravam-se vedados, somente sendo liberados pelos funcionários. Sempre ‘ligado’, ao aproximar-se da ‘transposição’, dirigia-se para aqueles que se encontravam liberados, realizando tranquilamente seu objetivo de embarque.
No entanto, como há ocasiões nas quais, por necessidade extrema, necessita-se dos préstimos de outrem, dia para tal chegou para o distêmico Sr. Lupércio!
Necessitou deslocar-se de sua moradia para um local que necessitava usufruir de três meios de transporte distintos. Primeiramente embarcou em um ônibus que passava nas proximidades de sua residência e que o deixava na frente da estação ferroviária!
Como 2ª etapa para atingir seu destino, teria de fazer préstimos do trem. Ao aproximar-se dos acessos as catracas que controlam a entrada que conduzem as plataformas de embarque/desembarque, notou que recém-chegada havia uma composição já parada em vias de seguir viagem. Apressou-se em passar o seu cartão para liberar seu ingresso e somente ai percebeu que a tal catraca não estava liberando o acesso. Com espanto e cara de poucos amigos, até murmurou um inaudível impropério (coisa que não era muito afeito em fazer...)! No entanto, ao lado do interditado acesso, havia uma funcionária da estação que, de imediato acionou um dispositivo que portava, dizendo em seguida: “Passe o cartão aqui e poderá passar...“. O distêmico nem se dignou olhar para a solícita jovem e, dando-lhe as costas, ‘abandonou’ o local no qual se encontrava, rumando para outra catraca liberada. No entanto, outra passageira barrou-lhe a passagem, também apressada para não perder seu ingresso na composição já estacionada e o Sr. Lupércio, lívido e apressado, finalmente transpôs o obstáculo, ainda dando tempo de ver que logo após o ingresso no vagão da senhora que o antecedeu, as portas se fecharam e a composição partiu!
Só lhe restou suspirar longamente e caminhar para os bancos existentes, sentando-se e somente aí, avaliando TUDO o que havia perdido por dar vazão à sua intempérie! Estressou-se sem necessidade e teve de amargar uma espera também desnecessária por haver procedido de forma tão grosseira com tão competente e solícita funcionária da CPTM!
O que lhe restou de positivo, foi somente a lição de que a constante educação e perene gentileza são as tônicas para que tenhamos uma forma mais saudável e amistosa em nosso viver!