Pressão de preto

"A moça mede pressão de preto?"

Foi a pergunta daquele senhor de mais de oitenta anos, negro, com expressão cansada e marcada pelas surpresas (nem sempre boas) da vida.

Era uma manhã de sábado, que iniciara nublada mas que logo fora tomada pelos fortes raios do sol. Era uma ação, como milhares de ações que já tivera por aí. Era uma acadêmica de enfermagem como tantos outros acadêmicos de tantos outros cursos que estavam ali. Era um negro como tantos negros que existem por aqui, doídos e marcados por um preconceito vergonhoso que a acadêmica jamais acreditara que pudesse de fato existir. Ao final do procedimento, marcada pelos 5 minutos anteriores, ouvira o melhor dos pagamentos ou recompensas: “Deus abençoe a moça , bom trabalho e não desanime” acompanhado ao agradecimento um meio sorriso e um aperto firme de mãos.

Aquela moça estava ali, vinda de três dias exaustivos de atividades acadêmicas, mas planejara não estar. Cogitara dormir até mais tarde naquele sábado e dedicar-se a outros afazeres. Ainda bem que o despertador cumprira sua função e a despertara do sono as seis em ponto. Ainda bem que podendo estar lá fora ela estivera lá dentro, no corredor, com a mesa e seu aparelho. Ainda bem que podendo ir ao encontro de tantos acadêmicos aquele senhor fora ao encontro daquela moça. Ainda bem que ela aprendera muito com aquele momento. Ainda bem que mesmo não fazendo o curso do sonho ela entendera que ali era seu lugar e que todas as suas incertezas sumiriam se vivesse mais momentos como aquele. Ainda bem que ela descobrira que sim, é o amor que de fato nos move!

Graças a Deus aquela moça ser eu!

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