VINTE E CINCO ANOS DEPOIS. ( nº04)
Vinte e cinco anos depois.(Memória nº 04 )
Corria o ano de 1986. Ele morava em Itanhaém, Sp, era secretário da subsecção local da OAB,SP e precisava de serviços jurídicos em Santa Catarina.
Valeu-se da posição exercida e entrou em contato com o secretário geral da OAB SC para pedir a prestação de serviços, que muito atencioso, o prestou e se negou a cobrar pelo mesmo.
Os anos passaram e por volta de 1990 foi a Florianópolis à passeio e lembrando-se da elevada atenção dispensada pelo colega catarinense, levou uma de suas obras, então recém lançada e autografando, passou no escritório do causídico e deixou como agradecimento. O colega não se encontrava motivo que Direito Notarial Brasileiro foi entregue a recepcionista.
Recentemente, agora nas últimas eleições da OAB SC, ele apoiando uma das chapas concorrentes, se encontrava no prédio sede do Conselho Seccional, quando numa roda de advogados, percebeu um conhecido com uma ex-aluna, conversando com um casal de idosos. Bem idosos.
Para cumprimentar a ex aluna e seu pai, também seu conhecido, pediu licença e adentrou à roda, quando foi apresentado, aludindo a sua condição de professor que fora em Joinville e identificando-se que agora estava domiciliado há 3 anos na linda ilha da magia.
O idoso, vestido de forma elegante e formal, acompanhado que estava de sua esposa, como dito, também de idade avançada, ao ouvir o nome dele, antecipou-se e disse que anos atrás conhecera um tabelião em Iguape com o mesmo nome. Ele, que sempre correu o Vale do Ribeira e freqüentou o litoral sul paulista, imediatamente corrigiu, dizendo que não existira nenhum tabelião com o seu sobrenome.
- Então Cananéia, ... ou Peruíbe.(?)
O tabelião, acrescentou o elegante advogado,escreveu um livro sobre direito notarial e me presenteou, divagando sobre cidades litorâneas paulistas, tentando apontar o lugar certo e a pessoa, quando, numa luz de recordação, ele lembrou-se do episódio de 1986 exclamando:
- Itanhaém. Fui eu. A primeira obra do gênero editada no pais. Eu escrevi.
O idoso era o ex secretário do Conselho Seccional da OAB que agradecido pela gentileza do colega de Itanhaém, guardara seu nome e, agora estava comentando que recebera o presente do autor do livro.
O mundo roda. Dá voltas. E passo a passo, o que se constrói um dia, vislumbra-se no futuro.
Roberto J. Pugliese
www.pugliesegomes.com.br
Autor de Direito das Coisas, Leud
Autor de Direito Notarial Brasileiro, Leud
Membro da Academia Itanhaense de Letras.
( publicado no Expresso Vida blogspot.com.br )